terça-feira, 24 de abril de 2012

Je vous salue, Madrid (avec "nuestra vez")

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Confissão: o título desse post seria o título de um novo blog. Desde que saí do Brasil (ainda em agosto do ano passado) pra passar um semestre em Madrid, a idéia era criar algo novo, que surgisse do também novo eu que surgiria (e surgiu) por lá: publicar fotos, videos, e todas essas deliciosas adolescências que eu trouxe pros meus 24 anos. (Mais um ano e eu cantarei "tenho 25 anos de sonho e de sangue e de américa do sul" aos gritos, em karaokes da Liberdade, em banheiros sujos de bares, pra você.) Digo mais: a idéia era misturar tudo, inclusive os idiomas. Explico: pensava, com a mente de uma dezena de meses atrás, e outros milhares de neurônios a mais, que seria uma baita vantagem escrever em outras línguas e, sei lá, praticar novos signos expressivos. Com espanhol e francês, as línguas que mandei por lá, os signos nem são tão novos assim.

Pois bem, a crise.

Um texto sai mais fácil quando há crise. A crise: voltei mandando até que bem nos novos idiomas, mas pra escrever sempre rolam aquelas limitações, e no fim você inevitavelmente acaba se sentindo feito um imbecil, formando frases toscas, repetindo adjetivos, e se confundindo todo com o uso dos pronomes. A real crise: voltei mandando mal no português. Voltei sem graça, sem ânimo, sem idioma materno. Agora já sou capaz de juntar um par de palavras e frasear outonos* por aí.  De me contentar com meu pouco, ao menos.

Semanas atrás a crise já havia contaminado outras instâncias criativas. Isso, algo meio cancerígeno. Eu não tinha vontade nem de tocar violão: muito menos de cantar ou compor algo novo. Tenso. De filme argentino em filme argentino, me entretinha. Pois a saída, ou melhor, o achar uma pista para a saída, foi justamente falar um pouco de meu conflito de compositor que não compõe, que já não consegue sacar o exato momento em que o rio molha o mar, que perde na corrida versus o amor, que inventa frases somente pra sabê-las de cor. Era isso! E era também aquele irmão nascido em Madrid, mas que já tem seus 21 aninhos, e que me mostrava que, po, nossa vez tá sempre aí. Que "tamojunto". Alguns choros trocados depois, e justamente em uma segunda-feira morta, de noite, no IA, em que ele me convidou pra ver seu pai tocar choro, saiu o começo (que é o final) de "nuestra vez", música nova que reapresento aqui, marcando minha possível volta a esse mundo textual.

Daqui três meses me mando pra França, e quem sabe de lá saiam outras coisas, em português mesmo, e que me façam voltar ainda com a idéia de gravar um registro/disco com minhas canções.

Ouçam (ainda que outra vez). Se gostarem, divulguem, compartilhem, encham o saco da galera, porque eu tenho vergonha de fazê-lo, e, bom, isso não tá com nada.

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*Camila, sim, é um plágio do "assumir primaveras"




"Nuestra vez"                             Letra e Música: Noubar Sarkissian Junior

"Quem viu o rio molhar o mar?
Pra quê saber nadar
se o amor...vai mais depressa?

Eu não vi...
eu invento o que eu sei de cor
pra quê saber cantar
se a solidão cala o que eu canto?

E vem você dizer preu fazer música contente...
sua mente cheia de flor
mas pra quê?
se o ofício do cantador
é assimilar o alegre
tocá-lo
levá-lo de cor em cor
é a tristeza enfeitar, enfeitarrrr!

(entra outra pessoa)

por qué tú lloras
todo de una vez?
siempre habrá hora
de llorar

mira, vino el tiempo ahora
dijo es nuestra vez
tu concierto espera
para empezar"


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Se o telefone não tocar, sou eu

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Certa vez vi essa frase em um nick de msn. Identifiquei-me de pronto. Busquei a autoria, mas não encontrei. Que seja: o certo é que o autor, nalgum momento, pensou em algo que eu pensaria. Isso é o gostar (ou, como é óbvio, é a essência da identificação). "Se o telefone não tocar, sou eu" me parece a tradução, em atitude literária, da (minha) falta de atitude. É buscar na ausência aquilo que nos constitui. É olhar melhor para uma característica, e torná-la mérito. Ponto de vista: palavra.

O que me interessa na frase, no entanto, é o tanto que ela repercute: é o restante das coisas que ela representa. Além de ser o cara que não irá te fazer uma ligação, também sou aquele que não irá mandar a mensagem, que nao mandará o email, e que não falará contigo mesmo suspeitando que daria uma boa conversa. Isso não quer dizer que não haja vontade. Há mais que isso: há hesitação. E hesitar é introduzir o desistir. Medo de inconveniência. Despeito, complexo, e uma resignada vontade de deixar pra depois. 

Perguntam-me quantas pessoas deixei de conhecer devido à minha timidez indevida. Acho que talvez me seja necessário deixar de conhecer muitas pessoas para que eu conheca melhor as poucas que me bastam, ou pra não me desconhecer por completo. Se não telefono e não escrevo, é previsível que meus principais amigos também nao telefonem, e é por aí mesmo. E como se dá a relação? É desse jeito: todos tentando provar pra si mesmo que a solidão não é tão ruim. Acho de verdade que não é. Todos nós, esperando algo. O silêncio diz muito. Atrai-nos.

O que me alegra, então, é o valor que ganham as manifestações de carinho em que estou envolvido. Não digo às pessoas que as amo, não distribuo abraços artificialmente calorosos, e não coleciono melhores amigos. Por tudo isso, cada pedacinho de afeto é a mim um grande pedaço de alegria. Não é fresta aberta pela carência: é sinceridade. Minha avó,  ídolo maior, nunca disse que me ama. Nunca precisou. Meu grande amigo não gosta de msn nem de telefone. Anda se acostumando. A maioria de minhas palavras não suportam serem escritas. Falam sozinhas e silenciosas. Mortas-vivas.

Os sentimentos são mais autênticos enquanto não são manifestados. Têm a pureza instantânea do impensado, do imponderado, do indizível.

Se as noites não fossem tantas, meus dias seriam finais de semana. Seriam melhores. Esperados. No fundo, sei que eu e todos nós só precisamos merecer um pouco mais de carinho.

E chega de abraços gratuitos. A paz mundial custa caro demais.

Não começa na avenida paulista: dispensa camisetas brancas e discursos esverdeados.
...
Àqueles que não ouviram o telefone tocar, saibam que este é meu jeito de dizer "Oi..., tudo bem?"

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Texto influenciado pela leitura de "Esperando Godot", de Samuel Beckett. Trecho citável:

"As lágrimas do mundo têm uma constância inabalável. Para cada um que pára de chorar, em algum lugar outro começa. O mesmo vale para o riso. Portanto não falemos mal de nossa geração. Ela não é mais infeliz que as anteriores. Não falemos bem, tampouco. Não falemos nada sobre isso."

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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

feito padaria


Meus melhores momentos são os instáveis e os calados. Meus maiores anseios são os inábeis e os sensíveis. Sou a fragilidade de um texto escrito por encomenda. O menos. Embora feliz, assustado. Novo e enjoado de meu repertório de adjetivos. Uma das coisas que mais me incomodam é a falta de palavras. Querer escrever algo e não conseguir. Corrupção vocabular.

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Em meados dos anos oitenta, Tom Jobim e Chico Buarque estavam incumbidos de compor a canção-tema da série global "Anos Dourados". Perto do prazo estipulado, Tom, responsável pela música, entregou o material composto ao parceiro Chico, responsável pela letra. Como o letrista não conseguiu terminar o trabalho antes da série ir ao ar, a música acabou figurando na telinha apenas com a parte instrumental. Inquirido sobre o porquê de não ter conseguido obedecer ao prazo acordado, Chico respondeu:

"vocês pensam que eu funciono como uma padaria? Que pedir meia dúzia de canções é como pedir meia dúzia de pães? No mais, essa Rede Globo é muito apressadinha. Eles não podem esperar nem seis meses?"

As questões ligadas aos estímulos que levam à criação artística têm me inquietado bastante. Por serem diversas e várias, são indefiníveis. O exemplo citado é quase uma exceção na carreira de Chico, já que uma parte considerável (eu até arriscaria dizer que "a maioria") de suas composições é feita por encomenda. O que o leva a criar, então, é uma mistura de pré-disposição e demanda. Outras pessoas dizem que fazem arte por uma necessidade vital. Dizem que não se importam com a recepção que sua obra irá ter: a arte é um fim, não um meio. Tanta liberdade criativa gera suspeita. E sugere um conforto material prévio.

A mim a arte evoca tempos. Recupera, traduz, projeta. Comigo ela duela, se faz de arisca, se esconde, se instala distante. Procuro-a, noutras vezes a esqueço. Desisto, revejo, respiro. Escrever ou compor não me é uma questão de vida ou morte, e isso talvez me afaste do pedestal que sustenta o termo "artista". Criar, pra mim, é uma alternativa, é um caminho. Quem sabe é o modo que escolhi para me expressar. Ou pra me esquivar.

Criar é deixar algum lugar. É a fotografia editada de minha mente. É deixar pra trás, não estar mais lá. É o registro eterno e o início do esquecimento. Mostrar um texto ou uma canção a alguém é libertá-los de minhas pobrezas e limites, e é o pré-requisito para minha tranquilidade noturna.

Não funciono feito padaria; tampouco funciono feito receptáculo de inspirações incontroláveis e latentes. Minhas canções normalmente surgem para que eu não abandone uma frase melódico-textual que reputei boa. Ao redor de tais frases é que o resto vive. A elas está submetido e subjulgado. Quando penso em textos, também não é raro eu escrever para compor um cenário necessário ao contorno de poucas palavras. Tudo jogo, chorado.

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Tenho feito quase nada. Bora acender o forno. É hora de restabelecer minha relação com a criação. Já que não me dou bem com 140 caracteres, e que não tenho mais a paciência necessária às releituras de mim mesmo, voltarei mais vezes a esse blog, com coisas novas, quentinhas, mas não urgentes feito pão.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

"Woodstock brasileiro": impressões distorcidas

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Sustentabilidade é, dentre as polissílabas, a palavra mais citada atualmente na língua portuguesa. Meio Ambiente, por sua vez, lidera o ranking das expressões da moda. Dirão: sim, e isso é ruim? A princípio, não. Numa análise imediata acaba sendo bom constatar que o mundo se voltou para questões tão inadiáveis e tão necessárias à sua sobrevivência. O que me incomoda, e bastante, é como os mesmos setores que agiram de um modo sempre nocivo a esses princípios, hoje se apropriam de tais bandeiras para continuar multiplicando dinheiro. Pegam carona em preocupações construídas globalmente e a elas adequam seu discurso, vendendo a imagem do bem, do heróico (daqueles que se dispõem a salvar o mundo).

Como não possuo uma veia tão farta para o protesto, comento apenas o que vi de perto (mas com a distância que me apraz) no SWU, nesse final de semana.

De cara, a idéia do festival fora uma grande sacada de marketing: ainda no início do ano, as notícias acerca de um Woodstock brasileiro começaram a surgir por aí. Bob Dylan era a grande atração prometida. Desde então as especulações em volta de tudo o que cercava o tal movimento ganharam certa importância nas temáticas jovens de boa parte do país. Com o vulto de um novo Woodstock consolidado, mas com a vinda de Bob descartada, outro monumento foi erguido para promover o evento: a Sustentabilidade. Se ainda havia muita gente em dúvida quanto à validade da iniciativa, uma imensa massa foi seduzida pela tendência consciente/alternativa que o festival escolheu. E eu, ser contraditório por essência, me vi naquele circo da contradição.

Vi-me em uma fazenda interminável (porque fazenda), salpicada por milhares de pessoas com seus milhares de objetivos e histórias, mas unidos por coincidências de gostos e por alguma parcela de manipulação publicitária (não me excluo). O primeiro choque de realidade veio quando minha namorada disse: nossa, nem me sinto tão estranha diante dessas pessoas. E era bem isso: ali todo mundo que soa alternativo nos outros dias do ano, passava a ser o comum. O estranho é o normal. Quando vi aquele mar de camisas listradas/xadrez sob aquele selva de barbas por fazer, vi que meu senso estético não era tão meu assim.

O cenário não deixava por menos, e exacerbava a contradição inerente a tudo aquilo: eram esculturas sustentáveis (labirintos e navios feitos com lixo reciclável) tampando um caminhão de diesel que alimentava as aparelhagens estruturais do show. Eram centenas de metros de grades e mais grades sustentando a diferença de quem pode pagar pela pista premium ou pela pista comum. Eram banheiros exclusivos aos da premium, além do privilégio de não ser esmagado. Eram postos de alimentação precários que, pra não deixar as incoerências de fora, cobravam seis reais por um mini-pastel horroroso, ou quatro reais por 300ml de água (água!). Eram propagandas ininterruptas de empresas multinacionais que têm em sua história tudo o que é necessário para afastá-las das preocupações com a humanidade e aproximá-las dos anseios de endinheiramento (Coca-Cola e Nestlé, por exemplo.)

Ainda haveria assunto pra falar mal dos banheiros, da (des)organização da saída e, chutando o balde, até do frio (pô, organização, que frio era aquele!), mas isso me torraria o saco e impediria que eu criticasse também a imbecilidade de nós, os fãs. Refiro-me ao bando de babacas que se assemelham a gados sendo guiados por um número "x" de músicos. Refiro-me especialmente à apresentação do Infectious Grooves (os caras são indiscutivelmente ótimos músicos), onde bate-cabeças rolaram sem parar, e onde jogos de interação banda-platéia se aproximavam do grotesco. Em um certo momento o vocalista gritava pow, e o bando respondia pow também. Já vi coisas ruins, mas essa me soava brincadeira. Eu, ali, me defendendo de cotoveladas pra aguardar uma banda que traz consigo fãs estereotipados (faço tão parte desse estereótipo que chegaram a me dizer, no show, que eu me parecia com o vocalista) ao extremo, pensava em como pensa um produtor desse tipo de evento, que é capaz de reunir tanta gente tão parecida e ao mesmo tempo tão diversa. Dali a pouco eu é que seria um estorvo aos groovados, pois cantaria melodias chorosas e ofensivas aos seus ouvidos sedentos de peso.

O fato é que não houve Woodstock nenhum, mas sim um festival como outro qualquer, que teve em seus organizadores a habilidade mercadológica de sacar que há um público bastante disposto a se mostrar como alternativo/diferente/rebelde/consciente, e que esse público paga tanto (o ingresso mais barato, com as taxas todas, custava 120 reais a meia) ou mais do que qualquer público para estar "perto" dos artistas que lhe agrada. Mais ainda: esse público distribui seu dinheiro e ainda sai achando que está contribuindo para a preservação do Meio Ambiente e para a salvação do mundo. Vá lá, boa parte dos shows foi bem legal, e todos começaram nos horários previstos, mas isso não deveria ser citado como ponto positivo.

Algo muito grande para ser sincero; muito longo para ser suficiente; muito promovido para ser espontâneo.

Que da próxima vez...

ofereçam músicas não só aos integrantes do MST (como fez a banda Rage...), mas também aos índios da tribo mais remota possível, aos homossexuais, aos negros oprimidos, aos oriundos de escola pública, aos touros da espanha, aos mineiros chilenos, às mulheres do Irã, e a tudo o que é bonitinho e alternativinho apoiar. 

Nós, ingênuos quando não idiotas, faremos coro e compraremos camisetas.





sexta-feira, 27 de agosto de 2010

E ao se dobrar a vida em flor...

ela vira historinha de se contar)




Era desavisado. Era o típico sujeito que vai a uma ópera e, se vê chuva nalguma cena do espetáculo, abre um guarda-chuva na platéia. Sabe quando uma pessoa nota uma lagartixa, e resolve ficar o dia todo apreciando os movimentos aparentemente anódinos do tal bicho? Não sabe? Imagine alguém assim, e imaginará algo próximo do que ele era. Não tinha obrigações com as imagens. Pintava-as em sua imaginação: tinha a aquarela mais completa do mundo! Certo dia lhe perguntaram o que ele achava de sua própria imagem. Chamavam-lhe louco, olhos-de-rio. No mínimo, aéreo. Ele mal sabia o que dizer. Não havia ensaiado nada acerca do que achava de si mesmo. Imagem sua? Achava pouco. Melhor era criar as caras e almas dos outros. Ele, ele mesmo, conferia ao espelho a definição de sua face. Que falassem. Que depois lhe contassem, com ou sem modos, como era.

Tenho saudades demais. Ele foi meu primeiro e principal personagem. Depois dele, era só depois. Quando resolveu se algemar a um pedaço de papel, perguntei-lhe e agora? Em seguida, fiz-lhe responder que agora era o resto de nossas vidas. Resto porque era o que sobrou. Resto porque ela segue existindo. A minha um tantão metamórfica, a dele encerrada mas pública. Na verdade, quem é o personagem de quem? Ele é minha cria ou eu é que sou um fantoche de minhas criações. Domino-as ou sou por elas dominado? Nada importa demais, isso muito menos.

(Pensando bem, aquela aula já valeria a pena apenas para ouvir o professor falar. A Paraíba inteira está em seu sotaque, e boa parte do Houaiss está em seu vocabulário: usa-os tão bem. E, ao fazer isso, me faz pensar que eu também, sem maiores escrúpulos e sem nem mais nem menos, abriria guarda-chuvas por aí, mesmo sem gostar de andar com eles. Trago-os na imaginação, talvez, mas isso seria muito bobo e romântico para ser escrito.

Sem saber o que realmente eu quero dizer com esse texto, retomo a descrição inicial):

ele era o mais menos. O que mais via e o que menos era visto. O que mais gostava e o de quem menos gostavam. O mais enigmático e o menos questionado. A vida é mesmo o ofício da invisibilidade, mas não. Não porque nem sempre, diria um futuro amigo meu. O sempre da vida é viver, e do nunca eu não posso dizer tanto, a despeito de habitar sua terra. O que pesa, e pesa mesmo, é o que ainda não foi imaginado. Imaginar, eis não só um verbo. Voltar, eis não apenas uma resolução. Tudo é o não só: é o que ainda vai ser inventado.

Meu desejo era que os personagens pudessem reencarnar, e que a eles fosse oferecida a tarefa de me reescrever.

Um desejo que abarque toda a humanidade (?), esse não tenho, mas alguém há de ter.


 

é de lágrima
que faço o mar pra navegar
vamo lá!
eu não vi, não, final
sei que o daqui
teimou de vir
tenaz assim
feito passarim
(camelo cantor)

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P.S.: às vezes dá uma preguiiiça de citar umas referências que eu uso ao escrever, mas o fato é que elas existem, desde o título, mas em sua maioria são aleatórias e ínócuas. Que façamos nossos próprios sentidos.
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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Why So Serious?



"Ninguém diz tchau na janela"



E, na verdade, o amor não basta.

O amor será sempre essa indefinição que não cabe em quatro letras. Muito menos cabe num só coração. Ele se divide. Há pessoas que, por merecerem tanto amor, são amadas por inúmeras outras, e geralmente acabam escolhendo pra si alguém que não possua a maior parcela do amor a ela destinado.

É assim: o maior do amor segue perdido por aí. Segue anônimo, discreto, complexado num quarto de dormir. O grande amor não é páreo para o grande acaso. Eles às vezes andam juntos, mas, ao fazê-lo, anulam outros grandes acasos. Alma gêmea, amor eterno, feitos um para o outro: expressões tão lindas quanto ocidentalmente esvaziadas. O amor, quando é forte assim, assusta o que chega depois. Desabilita a noção do pra sempre. Faz do futuro um corpo tatuado por incertezas. Um corpo com um pé atrás. E o "namorar" (outra vez) passa a ser um sinal amarelo. Passa a inspirar cuidado, atenção: manda o último alerta ao coração. Que ele se cuide, que entre sabendo que pode perder um pedaço.

Melhor seria se o presente tivesse alguma autonomia em nossas vidas. Mas ele, cercado e incapturável por definição, bebe no passado o medo do futuro. Cada vez será mais difícil crer no amor? Daqui em diante procurarei sempre uma data de validade em sua embalagem? Sinto-me inapto quando falo de sentimentos desse tipo, e isso começa a me incomodar. Se ninguém pode garantir a ninguém que, ao acordar, ainda gostará do outro, que estejamos dispostos a não acordar tanto. Que seja permitido sonhar um pouco mais.

(Sonhar é subverter a realidade; é viver o incalculável, o sensível, o imponderável)

Restauremos nossa capacidade de gostar/amar/querer bem. Sem demasiado receio. Sem dar importância indevida às definições hospedadas pelas palavras. Eu, que justamente dou muito valor às palavras, por vezes me confundo e me machuco com/por elas. (ou pela ausência delas). No entanto, frente ao inefável, abdico da totalidade e da precisão de seus significados. Sinto, e não me importo por não conseguir classificar meus sentimentos. Mato, pedra, boi, ninguém: a você faz sentido? A mim não, mas me emociono ao ouvir isso cantado.

Porque... na (minha) verdade, o amor pode ou não bastar: resta-lhe existir (pequeno, grande, crescente, efêmero) ou não, e, a nós, resta aceitá-lo, com ou sem ressalvas.

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- ("E toda vez que vier felicidade a mais"... eu não me aborreço tentando nomeá-la às pressas.)

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"But the people they don't understand (...)
 On top of this I ain't ever gonna understand"




P.S.: esse texto qusase se chamou "500 days of summer (seus efeitos em mim)", mas recuei a tempo. Aliás, por que tão sério? (Why so serious?) Porque é tão e tão sério.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Qualquer Canção (A Nossa)

a
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Cada fase de nossa vida é acompanhada de uma música. Cada música é uma vida. Umas são duas. Lembra da nossa música? Lembra da minha? Lembro de cada sugestão de nova banda. Associo sons a pessoas, lugares, futuros. Faço da música, ou seja, do fato de poder fazer minhas músicas, uma chance de escrever novos finais. De reabri-los, refilmá-los. A canção é meu filme. Não procuro trilha sonora. Procuro acompanamento imagético para minhas notas e palavras. Vou de tempos bons. Me aprumo ("que-ru-bim").

Aí embaixo está uma música nova, que era só "Qualquer Canção", mas Andrei sugeriu o "A Nossa" como título. Por enquanto seguem os dois, nesse duo de indefinição. Palpitem, se quiserem. O áudio tá legal, mas compreender a letra sem lê-la é quase impossível, pelas limitações de um video e por minha maltrapilha dicção. Ouça lendo, por favor.


Qualquer Canção (A Nossa)


Dessa vez faço meu (final
meio) de acertar
Começo a pensar
por que não senti (?)
ah...

Será que você ainda sabe chorar
por mim ou por alguém mal (?)
e o que não tem (ainda
é de inventar)
saudade é muito mais
vem de avião

Ouça qualquer canção
lembra da nossa (!?)
Moça, no filme que eu vi
você é tão atriz

Ouça qualquer canção
lembra da nossa (!?)
Moça, no filme que eu fiz
você foi tão feliz

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