tag:blogger.com,1999:blog-52322682567919304922024-03-12T18:41:05.874-07:00TEXTANDONoubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.comBlogger20125tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-71886692525870942642012-04-24T23:54:00.001-07:002012-04-24T23:59:59.241-07:00Je vous salue, Madrid (avec "nuestra vez")<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;">.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: white;">.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Confissão: o título desse post seria o título de um novo blog. Desde que saí do Brasil (ainda em agosto do ano passado) pra passar um semestre em Madrid, a idéia era criar algo novo, que surgisse do também novo <i>eu</i> que surgiria (e surgiu) por lá: publicar fotos, videos, e todas essas deliciosas adolescências que eu trouxe pros meus 24 anos. (Mais um ano e eu cantarei "tenho 25 anos de sonho e de sangue e de américa do sul" aos gritos, em karaokes da Liberdade, em banheiros sujos de bares, pra você.) Digo mais: a idéia era misturar tudo, inclusive os idiomas. Explico: pensava, com a mente de uma dezena de meses atrás, e outros milhares de neurônios a mais, que seria uma baita vantagem escrever em outras línguas e, sei lá, praticar novos signos expressivos. Com espanhol e francês, as línguas que mandei por lá, os signos nem são tão novos assim.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pois bem, a crise.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um texto sai mais fácil quando há crise. A crise: voltei mandando até que bem nos novos idiomas, mas pra escrever sempre rolam aquelas limitações, e no fim você inevitavelmente acaba se sentindo feito um imbecil, formando frases toscas, repetindo adjetivos, e se confundindo todo com o uso dos pronomes. A real crise: voltei mandando mal no português. Voltei sem graça, sem ânimo, sem idioma materno. Agora já sou capaz de juntar um par de palavras e frasear outonos* por aí. De me contentar com meu pouco, ao menos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Semanas atrás a crise já havia contaminado outras instâncias criativas. Isso, algo meio cancerígeno. Eu não tinha vontade nem de tocar violão: muito menos de cantar ou compor algo novo. Tenso. De filme argentino em filme argentino, me entretinha. Pois a saída, ou melhor, o achar uma pista para a saída, foi justamente falar um pouco de meu conflito de compositor que não compõe, que já não consegue sacar o exato momento em que o rio molha o mar, que perde na corrida versus o amor, que inventa frases somente pra sabê-las de cor. Era isso! E era também aquele irmão nascido em Madrid, mas que já tem seus 21 aninhos, e que me mostrava que, po, nossa vez tá sempre aí. Que "tamojunto". Alguns choros trocados depois, e justamente em uma segunda-feira morta, de noite, no IA, em que ele me convidou pra ver seu pai tocar choro, saiu o começo (que é o final) de "nuestra vez", música nova que reapresento aqui, marcando minha possível volta a esse mundo textual.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Daqui três meses me mando pra França, e quem sabe de lá saiam outras coisas, em português mesmo, e que me façam voltar ainda com a idéia de gravar um registro/disco com minhas canções.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ouçam (ainda que outra vez). Se gostarem, divulguem, compartilhem, encham o saco da galera, porque eu tenho vergonha de fazê-lo, e, bom, isso não tá com nada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
_____________________________________________________________</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
*Camila, sim, é um plágio do "assumir primaveras"</div>
<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="http://www.youtube.com/embed/UzDw8iRxv5Y" width="640"></iframe><br />
<br />
<span style="background-color: #ebebeb; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><b>"Nuestra vez" </b> Letra e Música: Noubar Sarkissian Junior</span><br />
<br />
<span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">"Quem viu o rio molhar o mar?</span><br />
<span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Pra quê saber nadar</span><br />
<span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">se o amor...vai mais depressa?</span><br />
<br />
<span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Eu não vi...</span><br />
<span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">eu invento o que eu sei de cor</span><br />
<span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">pra quê saber cantar</span><br />
<span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">se a solidão cala o que eu canto?</span><br />
<br />
<span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">E vem você dizer preu fazer música contente...</span><br />
<span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">sua mente cheia de flor</span><br />
<span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">mas pra quê?</span><br />
<span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">se o ofício do cantador</span><br />
<span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">é assimilar o alegre</span><br />
<span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">tocá-lo</span><br />
<span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">levá-lo de cor em cor</span><br />
<span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">é a tristeza enfeitar, enfeitarrrr!</span><br />
<br />
<span style="background-color: #ebebeb; color: #333333; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><i>(entra outra pessoa)</i></span><br />
<br />
<span style="color: #073763;"><span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">por qué tú lloras</span><br style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">todo de una vez?</span><br style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">siempre habrá hora</span><br style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">de llorar</span><br style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">mira, vino el tiempo ahora</span><br style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">dijo es nuestra vez</span><br style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">tu concierto espera</span><br style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: #ebebeb; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">para empezar"</span>
</span><br />
<br /></div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-37296523196258788252011-02-17T10:23:00.000-08:002011-02-17T10:31:24.827-08:00Se o telefone não tocar, sou eu<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div style="text-align: justify;"><span style="color: white;">_______</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: white;">______</span> </div><div style="text-align: justify;">Certa vez vi essa frase em um nick de msn. Identifiquei-me de pronto. Busquei a autoria, mas não encontrei. Que seja: o certo é que o autor, nalgum momento, pensou em algo que eu pensaria. Isso é o gostar (ou, como é óbvio, é a essência da identificação). "Se o telefone não tocar, sou eu" me parece a tradução, em atitude literária, da (minha) falta de atitude. É buscar na ausência aquilo que nos constitui. É olhar melhor para uma característica, e torná-la mérito. Ponto de vista: palavra.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O que me interessa na frase, no entanto, é o tanto que ela repercute: é o restante das coisas que ela representa. Além de ser o cara que não irá te fazer uma ligação, também sou aquele que não irá mandar a mensagem, que nao mandará o email, e que não falará contigo mesmo suspeitando que daria uma boa conversa. Isso não quer dizer que não haja vontade. Há mais que isso: há hesitação. E hesitar é introduzir o desistir. Medo de inconveniência. Despeito, complexo, e uma resignada vontade de deixar pra depois. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Perguntam-me quantas pessoas deixei de conhecer devido à minha timidez indevida. Acho que talvez me seja necessário deixar de conhecer muitas pessoas para que eu conheca melhor as poucas que me bastam, ou pra não me desconhecer por completo. Se não telefono e não escrevo, é previsível que meus principais amigos também nao telefonem, e é por aí mesmo. E como se dá a relação? É desse jeito: todos tentando provar pra si mesmo que a solidão não é tão ruim. Acho de verdade que não é. Todos nós, esperando algo. O silêncio diz muito. Atrai-nos.<br />
<br />
O que me alegra, então, é o valor que ganham as manifestações de carinho em que estou envolvido. Não digo às pessoas que as amo, não distribuo abraços artificialmente calorosos, e não coleciono melhores amigos. Por tudo isso, cada pedacinho de afeto é a mim um grande pedaço de alegria. Não é fresta aberta pela carência: é sinceridade. Minha avó, ídolo maior, nunca disse que me ama. Nunca precisou. Meu grande amigo não gosta de msn nem de telefone. Anda se acostumando. A maioria de minhas palavras não suportam serem escritas. Falam sozinhas e silenciosas. Mortas-vivas.<br />
<br />
Os sentimentos são mais autênticos enquanto não são manifestados. Têm a pureza instantânea do impensado, do imponderado, do indizível.<br />
<br />
Se as noites não fossem tantas, meus dias seriam finais de semana. Seriam melhores. Esperados. No fundo, sei que eu e todos nós só precisamos merecer um pouco mais de carinho. <br />
<br />
E chega de abraços gratuitos. A paz mundial custa caro demais. <br />
<br />
Não começa na avenida paulista: dispensa camisetas brancas e discursos esverdeados.<br />
...<br />
Àqueles que não ouviram o telefone tocar, saibam que este é meu jeito de dizer "Oi..., tudo bem?"<br />
<br />
___________________________________________<br />
<br />
Texto influenciado pela leitura de "Esperando Godot", de Samuel Beckett. Trecho citável:<br />
<br />
<em>"As lágrimas do mundo têm uma constância inabalável. Para cada um que pára de chorar, em algum lugar outro começa. O mesmo vale para o riso. Portanto não falemos mal de nossa geração. Ela não é mais infeliz que as anteriores. Não falemos bem, tampouco. Não falemos nada sobre isso."</em><br />
<br />
<em>____________________________________________</em><br />
<br />
<br />
</div><br />
</div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-26560011415432211012011-01-13T10:49:00.000-08:002011-01-14T06:17:07.648-08:00feito padaria<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIfIkQDK_Xp4xPMMrrkVEWJr429gIZdw3-33FLEuCWPV9hdXM7vgZqc0rDiosWr8pP3GYB72f5dUHCu3ihyphenhyphenQo8vGl061piLvB0bmgaIWujMlROPK4Rqz1Er6zEnPIa0sdJx1GUSngVIR0/s1600/01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="264" n4="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIfIkQDK_Xp4xPMMrrkVEWJr429gIZdw3-33FLEuCWPV9hdXM7vgZqc0rDiosWr8pP3GYB72f5dUHCu3ihyphenhyphenQo8vGl061piLvB0bmgaIWujMlROPK4Rqz1Er6zEnPIa0sdJx1GUSngVIR0/s320/01.jpg" width="320" /></a></div><br />
<em><span style="color: #999999;">Meus melhores momentos são os instáveis e os calados. Meus maiores anseios são os inábeis e os sensíveis. Sou a fragilidade de um texto escrito por encomenda. O menos. Embora feliz, assustado. Novo e enjoado de meu repertório de adjetivos. Uma das coisas que mais me incomodam é a falta de palavras. Querer escrever algo e não conseguir. Corrupção vocabular.</span></em><br />
<br />
<em><span style="color: #999999;">________________________</span></em></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Em meados dos anos oitenta, Tom Jobim e Chico Buarque estavam incumbidos de compor a canção-tema da série global "Anos Dourados". Perto do prazo estipulado, Tom, responsável pela música, entregou o material composto ao parceiro Chico, responsável pela letra. Como o letrista não conseguiu terminar o trabalho antes da série ir ao ar, a música acabou figurando na telinha apenas com a parte instrumental. Inquirido sobre o porquê de não ter conseguido obedecer ao prazo acordado, Chico respondeu:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em><span style="color: #999999;">"vocês pensam que eu funciono como uma padaria? Que pedir meia dúzia de canções é como pedir meia dúzia de pães? No mais, essa Rede Globo é muito apressadinha. Eles não podem esperar nem seis meses?"</span></em></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As questões ligadas aos estímulos que levam à criação artística têm me inquietado bastante. Por serem diversas e várias, são indefiníveis. O exemplo citado é quase uma exceção na carreira de Chico, já que uma parte considerável (eu até arriscaria dizer que "a maioria") de suas composições é feita por encomenda. O que o leva a criar, então, é uma mistura de pré-disposição e demanda. Outras pessoas dizem que fazem arte por uma necessidade vital. Dizem que não se importam com a recepção que sua obra irá ter: a arte é um fim, não um meio. Tanta liberdade criativa gera suspeita. E sugere um conforto material prévio. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A mim a arte evoca tempos. Recupera, traduz, projeta. Comigo ela duela, se faz de arisca, se esconde, se instala distante. Procuro-a, noutras vezes a esqueço. Desisto, revejo, respiro. Escrever ou compor não me é uma questão de vida ou morte, e isso talvez me afaste do pedestal que sustenta o termo "artista". Criar, pra mim, é uma alternativa, é um caminho. Quem sabe é o modo que escolhi para me expressar. Ou pra me esquivar.<br />
<br />
Criar é deixar algum lugar. É a fotografia editada de minha mente. É deixar pra trás, não estar mais lá. É o registro eterno e o início do esquecimento. Mostrar um texto ou uma canção a alguém é libertá-los de minhas pobrezas e limites, e é o pré-requisito para minha tranquilidade noturna.<br />
<br />
Não funciono feito padaria; tampouco funciono feito receptáculo de inspirações incontroláveis e latentes. Minhas canções normalmente surgem para que eu não abandone uma frase melódico-textual que reputei boa. Ao redor de tais frases é que o resto vive. A elas está submetido e subjulgado. Quando penso em textos, também não é raro eu escrever para compor um cenário necessário ao contorno de poucas palavras. Tudo jogo, chorado. <br />
<br />
___________________________</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tenho feito quase nada. Bora acender o forno. É hora de restabelecer minha relação com a criação. Já que não me dou bem com 140 caracteres, e que não tenho mais a paciência necessária às releituras de mim mesmo, voltarei mais vezes a esse blog, com coisas novas, quentinhas, mas não urgentes feito pão.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRkGf9JvwCcLMrP0V6vj2VG-zbJn7jWj48WEaEDQamsf128_XHRf-x7PXmHpkuGPOZ8w1ty1E-ZLVbJACVIcM3QAD8NpCeG5ibCOE7PH1Zz72HXHgFDfDAZgkqHZW2-SOofq7oyut-WWg/s1600/INSPIRA%2525C3%252587%2525C3%252583O.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" n4="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRkGf9JvwCcLMrP0V6vj2VG-zbJn7jWj48WEaEDQamsf128_XHRf-x7PXmHpkuGPOZ8w1ty1E-ZLVbJACVIcM3QAD8NpCeG5ibCOE7PH1Zz72HXHgFDfDAZgkqHZW2-SOofq7oyut-WWg/s1600/INSPIRA%2525C3%252587%2525C3%252583O.jpg" /></a></div></div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-80900856986114416352010-10-14T19:15:00.000-07:002010-10-14T19:26:44.935-07:00"Woodstock brasileiro": impressões distorcidas<div style="text-align: justify;"><i><span style="color: white;">___________________ </span></i></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" height="297" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh10Cl5ubmoPbAxMmOjXEIVDd1IqSArhEbxvBT1dIrgCyOTEhtkNGniu6xDQ7UaaIoqfqCokUfqh1wrQCAJ8cQy9wHr-0mtceul5ufMelSfxvqPWzkqrc5aYquiw93A3FF9rnAbuJGSdFo/s400/url.htm" width="400" /></div><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>Sustentabilidade </i>é, dentre as polissílabas, a palavra mais citada atualmente na língua portuguesa. <i>Meio Ambiente</i>, por sua vez, lidera o ranking das expressões da moda. Dirão: sim, e isso é ruim? A princípio, não. Numa análise imediata acaba sendo bom constatar que o mundo se voltou para questões tão inadiáveis e tão necessárias à sua sobrevivência. O que me incomoda, e bastante, é como os mesmos setores que agiram de um modo sempre nocivo a esses princípios, hoje se apropriam de tais bandeiras para continuar multiplicando dinheiro. Pegam carona em preocupações construídas globalmente e a elas adequam seu discurso, vendendo a imagem do <i>bem</i>, do <i>heróico</i> (daqueles que se dispõem a salvar o mundo).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Como não possuo uma veia tão farta para o protesto, comento apenas o que vi de perto (mas com a distância que me apraz) no SWU, nesse final de semana.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De cara, a idéia do festival fora uma grande sacada de marketing: ainda no início do ano, as notícias acerca de um Woodstock brasileiro começaram a surgir por aí. Bob Dylan era a grande atração prometida. Desde então as especulações em volta de tudo o que cercava o tal movimento ganharam certa importância nas temáticas jovens de boa parte do país. Com o vulto de um novo Woodstock consolidado, mas com a vinda de Bob descartada, outro monumento foi erguido para promover o evento: a Sustentabilidade. Se ainda havia muita gente em dúvida quanto à validade da iniciativa, uma imensa massa foi seduzida pela tendência consciente/alternativa que o festival escolheu. E eu, ser contraditório por essência, me vi naquele circo da contradição.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Vi-me em uma fazenda interminável (porque fazenda), salpicada por milhares de pessoas com seus milhares de objetivos e histórias, mas unidos por coincidências de gostos e por alguma parcela de manipulação publicitária (não me excluo). O primeiro choque de realidade veio quando minha namorada disse: <i>nossa, nem me sinto tão estranha diante dessas pessoas. </i>E era bem isso: ali todo mundo que soa alternativo nos outros dias do ano, passava a ser o comum. O estranho é o normal. Quando vi aquele mar de camisas listradas/xadrez sob aquele selva de barbas por fazer, vi que meu senso estético não era tão meu assim.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O cenário não deixava por menos, e exacerbava a contradição inerente a tudo aquilo: eram esculturas sustentáveis (labirintos e navios feitos com lixo reciclável) tampando um caminhão de diesel que alimentava as aparelhagens estruturais do show. Eram centenas de metros de grades e mais grades sustentando a diferença de quem pode pagar pela pista premium ou pela pista comum. Eram banheiros exclusivos aos da premium, além do privilégio de não ser esmagado. Eram postos de alimentação precários que, pra não deixar as incoerências de fora, cobravam seis reais por um mini-pastel horroroso, ou quatro reais por 300ml de água (água!). Eram propagandas ininterruptas de empresas multinacionais que têm em sua história tudo o que é necessário para afastá-las das preocupações com a humanidade e aproximá-las dos anseios de endinheiramento (Coca-Cola e Nestlé, por exemplo.)</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ainda haveria assunto pra falar mal dos banheiros, da (des)organização da saída e, chutando o balde, até do frio (pô, organização, que frio era aquele!), mas isso me torraria o saco e impediria que eu criticasse também a imbecilidade de nós, os fãs. Refiro-me ao bando de babacas que se assemelham a gados sendo guiados por um número "x" de músicos. Refiro-me especialmente à apresentação do Infectious Grooves (os caras são indiscutivelmente ótimos músicos), onde bate-cabeças rolaram sem parar, e onde jogos de interação banda-platéia se aproximavam do grotesco. Em um certo momento o vocalista gritava <i>pow, </i>e o bando respondia <i>pow </i>também. Já vi coisas ruins, mas essa me soava brincadeira. Eu, ali, me defendendo de cotoveladas pra aguardar uma banda que traz consigo fãs estereotipados (faço tão parte desse estereótipo que chegaram a me dizer, no show, que eu me parecia com o vocalista) ao extremo, pensava em como pensa um produtor desse tipo de evento, que é capaz de reunir tanta gente tão parecida e ao mesmo tempo tão diversa. Dali a pouco eu é que seria um estorvo aos groovados, pois cantaria melodias chorosas e ofensivas aos seus ouvidos sedentos de peso.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O fato é que não houve Woodstock nenhum, mas sim um festival como outro qualquer, que teve em seus organizadores a habilidade mercadológica de sacar que há um público bastante disposto a se mostrar como alternativo/diferente/rebelde/consciente, e que esse público paga tanto (o ingresso mais barato, com as taxas todas, custava 120 reais a meia) ou mais do que qualquer público para estar "perto" dos artistas que lhe agrada. Mais ainda: esse público distribui seu dinheiro e ainda sai achando que está contribuindo para a preservação do Meio Ambiente e para a salvação do mundo. Vá lá, boa parte dos shows foi bem legal, e todos começaram nos horários previstos, mas isso não deveria ser citado como ponto positivo.<br />
<br />
Algo muito grande para ser sincero; muito longo para ser suficiente; muito promovido para ser espontâneo. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Que da próxima vez...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">ofereçam músicas não só aos integrantes do MST (como fez a banda Rage...), mas também aos índios da tribo mais remota possível, aos homossexuais, aos negros oprimidos, aos oriundos de escola pública, aos touros da espanha, aos mineiros chilenos, às mulheres do Irã, e a tudo o que é bonitinho e alternativinho apoiar. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nós, ingênuos quando não idiotas, faremos coro e compraremos camisetas. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-11645758410859936992010-08-27T13:01:00.000-07:002010-08-30T18:44:19.986-07:00E ao se dobrar a vida em flor...<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">ela vira historinha de se contar)</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Era desavisado. Era o típico sujeito que vai a uma ópera e, se vê chuva nalguma cena do espetáculo, abre um guarda-chuva na platéia. Sabe quando uma pessoa nota uma lagartixa, e resolve ficar o dia todo apreciando os movimentos aparentemente anódinos do tal bicho? Não sabe? Imagine alguém assim, e imaginará algo próximo do que ele era. Não tinha obrigações com as imagens. Pintava-as em sua imaginação: tinha a aquarela mais completa do mundo! Certo dia lhe perguntaram o que ele achava de sua própria imagem. Chamavam-lhe louco, olhos-de-rio. No mínimo, aéreo. Ele mal sabia o que dizer. Não havia ensaiado nada acerca do que achava de si mesmo. Imagem sua? Achava pouco. Melhor era criar as caras e almas dos outros. Ele, ele mesmo, conferia ao espelho a definição de sua face. Que falassem. Que depois lhe contassem, com ou sem modos, como era. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Tenho saudades demais. Ele foi meu primeiro e principal personagem. Depois dele, era só depois. Quando resolveu se algemar a um pedaço de papel, perguntei-lhe <i>e agora? </i>Em seguida, fiz-lhe responder que<i> agora era o resto de nossas vidas. </i>Resto porque era o que sobrou. Resto porque ela segue existindo. A minha um tantão metamórfica, a dele encerrada mas pública. Na verdade, quem é o personagem de quem? Ele é minha cria ou eu é que sou um fantoche de minhas criações. Domino-as ou sou por elas dominado? Nada importa demais, isso muito menos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">(Pensando bem, aquela aula já valeria a pena apenas para ouvir o professor falar. A Paraíba inteira está em seu sotaque, e boa parte do Houaiss está em seu vocabulário: usa-os tão bem. E, ao fazer isso, me faz pensar que eu também, sem maiores escrúpulos e sem nem mais nem menos, abriria guarda-chuvas por aí, mesmo sem gostar de andar com eles. Trago-os na imaginação, talvez, mas isso seria muito bobo e romântico para ser escrito. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Sem saber o que realmente eu quero dizer com esse texto, retomo a descrição inicial):</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">ele era o mais menos. O que mais via e o que menos era visto. O que mais gostava e o de quem menos gostavam. O mais enigmático e o menos questionado. A vida é mesmo o ofício da invisibilidade, mas não. <i>Não porque nem sempre, </i>diria um futuro amigo meu. O <i>sempre </i>da vida é viver, e do <i>nunca</i> eu não posso dizer tanto, a despeito de habitar sua terra. O que pesa, e pesa mesmo, é o que ainda não foi imaginado. Imaginar, eis não só um verbo. Voltar, eis não apenas uma resolução. Tudo é o não só: é o que ainda vai ser inventado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Meu desejo era que os personagens pudessem reencarnar, e que a eles fosse oferecida a tarefa de me reescrever.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Um desejo que abarque toda a humanidade (?), esse não tenho, mas alguém há de ter.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</span> </div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">é de lágrima</span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">que faço o mar pra navegar</span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">vamo lá!</span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">eu não vi, não, final</span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">sei que o daqui</span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">teimou de vir</span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">tenaz assim</span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">feito passarim</span></i></div><div style="text-align: right;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">(camelo cantor)</span></div><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">____________________________________________</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">P.S.: às vezes dá uma preguiiiça de citar umas referências que eu uso ao escrever, mas o fato é que elas existem, desde o título, mas em sua maioria são aleatórias e ínócuas. Que façamos nossos próprios sentidos.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">____________________________________________</span></div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-2839018867280493082010-07-14T00:36:00.000-07:002010-07-14T17:56:40.125-07:00Why So Serious?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgH35ta5l_VJYZlb81LPx5sYFs0vY_wRK_o9-kMvAEHGr8CrPTtKVCYFJIwwwGjJ9b5iVKjIX3tapohIigFW3_3D7Z6Z-ah9nKqIBF9raOO5ZTOOF8Irl8SvtYdjX-VE4aXBkDZsvB6bQc/s1600/pb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="286" rw="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgH35ta5l_VJYZlb81LPx5sYFs0vY_wRK_o9-kMvAEHGr8CrPTtKVCYFJIwwwGjJ9b5iVKjIX3tapohIigFW3_3D7Z6Z-ah9nKqIBF9raOO5ZTOOF8Irl8SvtYdjX-VE4aXBkDZsvB6bQc/s400/pb.jpg" width="400" /></a></div><div style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><em>"Ninguém diz tchau na janela"</em></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E, na verdade, o amor não basta. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O amor será sempre essa indefinição que não cabe em quatro letras. Muito menos cabe num só coração. Ele se divide. Há pessoas que, por merecerem tanto amor, são amadas por inúmeras outras, e geralmente acabam escolhendo pra si alguém que não possua a maior parcela do amor a ela destinado. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É assim: o maior do amor segue perdido por aí. Segue anônimo, discreto, complexado num quarto de dormir. O grande amor não é páreo para o grande acaso. Eles às vezes andam juntos, mas, ao fazê-lo, anulam outros grandes acasos. Alma gêmea, amor eterno, <em>feitos um para o outro</em>: expressões tão lindas quanto ocidentalmente esvaziadas. O amor, quando é forte assim, assusta o que chega depois. Desabilita a noção do <em>pra sempre. </em>Faz do futuro um corpo tatuado por incertezas. Um corpo com <em>um pé atrás</em>. E o "namorar" (outra vez) passa a ser um sinal amarelo. Passa a inspirar cuidado, atenção: manda o último alerta ao coração. Que ele se cuide, que entre sabendo que pode perder um pedaço. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Melhor seria se o presente tivesse alguma autonomia em nossas vidas. Mas ele, cercado e incapturável por definição, bebe no passado o medo do futuro. Cada vez será mais difícil crer no amor? Daqui em diante procurarei sempre uma data de validade em sua embalagem? Sinto-me inapto quando falo de sentimentos desse tipo, e isso começa a me incomodar. Se ninguém pode garantir a ninguém que, ao acordar, ainda gostará do <em>outro</em>, que estejamos dispostos a não acordar tanto. Que seja permitido sonhar um pouco mais. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">(Sonhar é subverter a realidade; é viver o incalculável, o sensível, o imponderável)</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Restauremos nossa capacidade de gostar/amar/querer bem. Sem demasiado receio. Sem dar importância indevida às definições hospedadas pelas palavras. Eu, que justamente dou muito valor às palavras, por vezes me confundo e me machuco com/por elas. (ou pela ausência delas). No entanto, frente ao inefável, abdico da totalidade e da precisão de seus significados. Sinto, e não me importo por não conseguir classificar meus sentimentos. <em>Mato, pedra, boi, ninguém</em>: a você faz sentido? A mim não, mas me emociono ao ouvir isso cantado. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Porque... na (minha) verdade, o amor pode ou não bastar: resta-lhe existir (pequeno, grande, crescente, efêmero) ou não, e, a nós, resta aceitá-lo, com ou sem ressalvas. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">__________________________________________________</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- (<em>"E toda vez que vier felicidade a mais"...</em> eu não me aborreço tentando nomeá-la às pressas.)</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">__________________________________________________</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><em>"But the people they don't understand (...)</em></div><div style="text-align: right;"><em> On top of this I ain't ever gonna understand"</em></div><div style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsPSkIuZzBPPcK_gmf_zGjOFqbWTyC5-dEtL7NtToXnhXdrBgWbhuR6ydlCGAlIt9p9R44k6zgouZWoSU05Z4GOcxiDplgs00os6M34SD1of6guu-foPLkFYTAxNu0fizqc9kjImOwn1w/s1600/1casal_banco.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="370" rw="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsPSkIuZzBPPcK_gmf_zGjOFqbWTyC5-dEtL7NtToXnhXdrBgWbhuR6ydlCGAlIt9p9R44k6zgouZWoSU05Z4GOcxiDplgs00os6M34SD1of6guu-foPLkFYTAxNu0fizqc9kjImOwn1w/s400/1casal_banco.jpg" width="400" /></a></div><br />
</div><div style="text-align: justify;">P.S.: esse texto qusase se chamou "500 days of summer (seus efeitos em mim)", mas recuei a tempo. Aliás, por que tão sério? (Why so serious?) Porque é tão e tão sério.</div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-82565822817877599062010-07-01T22:52:00.000-07:002010-07-01T22:55:45.205-07:00Qualquer Canção (A Nossa)<div style="text-align: justify;"><span style="color: white;">a</span><br />
<span style="color: white;">a</span><br />
<br />
Cada fase de nossa vida é acompanhada de uma música. Cada música é uma vida. Umas são duas. Lembra da nossa música? Lembra da minha? Lembro de cada sugestão de nova banda. Associo sons a pessoas, lugares, futuros. Faço da música, ou seja, do fato de poder fazer minhas músicas, uma chance de escrever novos finais. De reabri-los, refilmá-los. A canção é meu filme. Não procuro trilha sonora. Procuro acompanamento imagético para minhas notas e palavras. Vou de tempos bons. Me aprumo ("que-ru-bim").</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aí embaixo está uma música nova, que era só "Qualquer Canção", mas Andrei sugeriu o "A Nossa" como título. Por enquanto seguem os dois, nesse duo de indefinição. Palpitem, se quiserem. O áudio tá legal, mas compreender a letra sem lê-la é quase impossível, pelas limitações de um video e por minha maltrapilha dicção. Ouça lendo, por favor.</div><br />
<br />
<strong><span style="font-size: large;">Qualquer Canção (A Nossa)</span></strong><br />
<br />
<br />
Dessa vez faço meu (final<br />
meio) de acertar<br />
Começo a pensar<br />
por que não senti (?) <br />
ah...<br />
<br />
Será que você ainda sabe chorar<br />
por mim ou por alguém mal (?)<br />
e o que não tem (ainda<br />
é de inventar)<br />
saudade é muito mais<br />
vem de avião<br />
<br />
Ouça qualquer canção<br />
lembra da nossa (!?)<br />
Moça, no filme que eu vi<br />
você é tão atriz<br />
<br />
Ouça qualquer canção<br />
lembra da nossa (!?)<br />
Moça, no filme que eu fiz<br />
você foi tão feliz<br />
<br />
<object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/O6g9zzcJ5Jk&hl=pt_BR&fs=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/O6g9zzcJ5Jk&hl=pt_BR&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-47588483972986261852010-06-17T12:04:00.000-07:002010-06-17T12:35:01.465-07:00Vinte e três<div style="text-align: justify;"><div style="color: white;">aaaaaaaaa </div><span style="color: white;">aaaaaaaa </span><br />
Com um toque essencial de oportunismo, escrevo. Aproveito a data, o estado de evidência, e ajusto algumas palavras publicáveis. Lembro-me que um de meus primeiros textos foi o de aniversário de dezenove anos, em 2006. Dizia sinceridades juvenis, ambicionava ser adulto, e procurava o grande amor. Era menos feliz. Mal sabia identificar as aparições efêmeras da felicidade. Passava. Hoje eu atingi os vinte e três anos à frente de uma fogueira. Os pedaços de fogo que subiam pelos ares eram estrelas cadentes às avessas. Eram amostras, verticalmente esquivas, de minha capacidade de amar. Fugiam. Eu fingia não ver, a facilitar seu empenho libertário.<br />
<br />
<i><b>I need you so much closer</b> </i><br />
<br />
<i>, </i>volta e meia eu cantarolava, sob protestos e compaixões. Queria e não queria ser notado. Alguns momentos não são dignos de nota, outros são dignos de uma fogueira que faz do céu uma via estelar de duas mãos. Minha vontade era cantar a todos, num relance de egocentrismo, minha mais recente canção. Por dentro, gritava<br />
<br />
<i><b>Ouça qualquer canção </b></i><br />
<i><b>lembra da noooooossaaaaaaaa (?) </b></i><br />
<i><b>Moça, no filme que eu fiz /</b></i><br />
<i><b>Você é taaaooooooo aaaatriz</b>.</i><br />
<br />
Por fora, sorria calado e lacrimejado. Essa música não me pertence tanto. Andrei dormia devidamente aquecido pelo calor da madeira queimada. Representava a distância e a proximidade de um amigo presente. Pensei em tudo o que pode significar mais um ano completo. Dei de ombros. Pensei em vários dos sentimentos que caberiam naquela noite. Senti os demais. Será que eu pulo essa fogueira?, embriaguei a mim mesmo. Foi dessas propostas que já nascem vetadas. Aventuras comprimidas em frases amenas. Jogos de passa-noite. Dentre os votos de felicidade hoje recebidos, um, especialmente, me encheu de vida.<br />
<br />
<i><b>Ainda bem que você nasceu</b>, </i><br />
<br />
uma amiga escreveu.<br />
<br />
Gostei de me desconcertar com as palavras. Sou mais moço quando sou leitor ou quando sou ouvinte.<br />
<br />
Valeu a pena ficar mais velho.<br />
<br />
(quis escrever)</div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-11232775830335107722010-06-02T20:15:00.000-07:002010-06-02T20:38:42.526-07:00O enterro do prodígio (republicado)<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfmg3IKvJCewwiXLBvRk2N93Z8atkByPH_AakOo-ctQDwouhSygJAiLgHQW0Vx-CbHoZre9GMoH0hyphenhyphen1lXDV5mO4ZHG6dAKc5bAWiByx-vHaSd6aekBhzuVAWzcqz8ubyeTPsgFP19coZSG/s1600-h/Mafalda.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5278360765288355954" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfmg3IKvJCewwiXLBvRk2N93Z8atkByPH_AakOo-ctQDwouhSygJAiLgHQW0Vx-CbHoZre9GMoH0hyphenhyphen1lXDV5mO4ZHG6dAKc5bAWiByx-vHaSd6aekBhzuVAWzcqz8ubyeTPsgFP19coZSG/s400/Mafalda.jpg" style="display: block; height: 176px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a><br />
<div><div align="justify"><div style="color: black;"><i>(texto escrito e publicado em 2008, num momento de quase-fim da faculdade de História, e de muitas incertezas. Ontem me senti meio assim, mas muita coisa do que eu queria ter dito ainda condizia com as palavras por mim escritas dezoito meses atrás. Tentei atualizar os problemas, mas não consegui escrever nada que fosse ao menos razoável. Fiquem, então, com a essência que as idéias abaixo transmitem. As crises vêm hoje com menor força e gravidade: vêm em intensidade tão menor que nem me fazem vomitar palavras como antes. Hoje peno um bocado para escrever três ou quatro parágrafos que me agradem. Quem me lê há algum tempo deve notar essa "má fase", e talvez aprove essa republicação com um ar de "o Noubar não escreve mais como antigamente"...rs. Estou meio cansado de meus próprios complexos. Mas gosto dessa frase: </i>"o oxigênio sofre suas mutações etárias, mas a necessidade de respirar persiste"<i>. Leiam, releiam, ou ignorem. Os comentários da época - primeira publicação - podem ser lidos nesse link: </i></div><div style="color: black;"><i>http://noubarjunior.blogspot.com/2008/12/no-bem-um-fracasso.html </i></div><div style="color: black;"><i>E, curiosamente, o garoto que eu cito lá nas explicações finais era o Mateus Sousa - diretor -, e o tal filme era o "Apenas o Fim", objeto de um texto que eu viria a escrever cerca de meio ano depois.)</i></div><br />
<br />
"Não é bem um fracasso. É a relutante constatação de que não dá mais. Não há mais tempo pra tornar-se notável ainda jovem. O garoto prodígio morre sem ter nascido: fora sonhado e vivera sob a suposta incompreensão do mundo, perdido num espaço onde o irreal potencializa talentos inalcançaveis. É preciso renovar os planos de um futuro. Encontrar novos pretextos para pensá-lo promissor. À medida que a precocidade vai sumindo, há de se transferir a esperança aos feitos adultos. Uma boa experiência profissional poderia substituir o sentimento de realização inviabilizado pela adolescência comum. Mais tarde virão herdeiros para novamente justificar a impregnação da noção de vitória. O que não pude ser, meu filho será. Virá ao mundo como vítima da cobrança de seu próprio pai. Sob a máscara sincera de uma boa educação, será moldado desde criança. Falará inglês pra que não corra o risco de não compreender muita coisa boa que há por aí. Estudará música antes de pensar em fazer barulho com um violão. Tudo emoldurado pela idéia de "prepará-lo melhor para o mundo": pra sua crueldade travestida pelo tom sadio que a palavra "competição" imprime à essa bagunça humana. Uma tolice tremenda, mas que de algum modo nos acompanha: conquistar prestígio. Ser melhor que esse ou aquele... nisso ou naquilo. Pra minha tristeza, careço de impulsos. O oxigênio sofre suas mutações etárias, mas a necessidade de respirar persiste.<br />
<br />
Quão natural seria colher da vida apenas seus prazeres, sem pensar em legados! Mas a vocês não parece uma relação parasita demais? Tiramos dos artistas nossos maiores deleites. Muitos não viveriam sem música, sem cinema, sem literatura. A obra dos outros nos mantém. E o que fazemos? Trabalhamos vendendo aparelhos que reproduzam música alheia; em locadoras promovendo filmes "imperdíveis"; em feiras do livro... vendendo livros. Será que o "dom" realmente é restrito a uma pequena parcela dos seres humanos? Você é daqueles que acreditam que alguém nasceu com o talento pra criar coisas belas e outro alguém possui a inclinação congênita para catalogar peças de um acervo político? Há PESSOAS e pessoas? talvez sim. O transcorrer do tempo me tem feito desistir da busca de um fim em mim mesmo. Uma resignação quase que imposta. Quando nos deparamos com o "curriculum" daqueles que admiramos, vemos quanto foi precoce a constatação de seus dotes. Não é mais possível ser um grande jogador de futebol; não se pode mais compor algo como "Sabiá"* aos 21 anos; nem escrever Queda que as mulheres têm para os tolos** também aos 21. É a famosa crise dos 21. Chegar aos 21 e não ter feito nada disso! ah! "Você ainda é novo...".<br />
<br />
Eu sou adepto do fracasso. Da consciência dos dias passados, que é mais forte do que a esperança pelos que hão de vir. Uma abordagem cética? Hoje, sim. Hoje eu me rendo à mediocridade sem considerá-la a pior das coisas. Digestão incômoda. Escrevo pra legitimar a desistência em palavras. E, na verdade, isso é meio pedante. Dá a impressão de que fico sempre me auto-decapitando para suscitar nos outros uma reação de resgate de minha auto-estima. Se publico, oras, é porque vejo sim alguma importância. No entanto, faço do texto uma total expressão do que considero ser minha existência mediana. Entende? É um lance contraditório: eu mesmo me culpo. Mas não é depressivo, como a capa pode sugerir. É uma tristeza de caráter: enraizada, até normal.<br />
<br />
Declaro minha impotência frente aos desafios todos. Chego num momento em que minhas forças perdem muito de seu altruísmo. Migram pro lado de cá. Se não há nada muito complexo a oferecer ao mundo, que me seja facultado o direito do desfrute "egoísta". Que sejam abolidas as noções de trivialidade, banalidade, superficialidade: tudo é lícito e bem-vindo na festa da vida. Foi-se o mocinho. (pensou em "veio o vilão"? essa era a isca. Pra mais nada serviu o "foi-se o mocinho"...rs) Todas essas comparações o fizeram perecer.<br />
<br />
BREQUE. Esse último parágrafo foi uma piadinha de mau gosto. Uma brincadeirinha. Uma vã tentativa de prolongar um assunto que se esgotou. Essa baboseira de "impotência" e tudo o mais são falsos. Embora eu realmente ache que meus tempos de prodígio se foram; a despeito de eu achar também que nunca terei sucesso em minhas empreitadas artísticas, ainda há a chance da rosa nascer no asfalto. Existe a motivação de escrever no blog (e isso é mais estranho do que qualquer outra coisa, pois amanhã sempre odeio o que escrevo hoje, mas depois de amanhã volto a escrever); a busca incessante de uma composição (que há de sair!): aquele quezinho de fôlego que equilibra e torna melhor o ato de viver. Têm razão aqueles que não esperam de mim nada de "especial"; nada além do comum. Que fique claro, no entanto, que isso não abafará meu desejo de surpreendê-los.<br />
<br />
Sentem-se."<br />
<br />
10/12/2008 <br />
<br />
<br />
____________________________________________________________________<br />
*música que Chico compôs com Tom aos 21 anos.<br />
**obra de machado de assis escrita também aos 21 (pra completar a dupla e gerar sua inquietação: "ah, ele quer mostrar que conhece chico buarque e machado de assis...se acha cult")<br />
<br />
Sugestão de tema: Sr. Molina, após ver uma matéria que falava sobre um garoto de 20 anos que dirigiu (ou escreveu) um filme super bacana. Isso foi trágico para o gustavo, já que ele já beira os 23 e "nada fez". "Um bom tema pra vc escrever no seu blog". </div></div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-53276607183181837192010-05-31T20:07:00.000-07:002010-06-02T20:06:44.322-07:00Last Night<div style="color: white;"> __________________________________________________________________________</div><br />
<span style="font-size: large;">Não fora por hábito nem por cálculo, tampouco fora por acaso.</span><br />
<br />
(Efêmero acesso de anonimato; inédita conspiração musical: agrado provicencial de um (reincidente) <b><span style="color: #20124d; font-size: small;">"lassst niiiighttttttt"</span></b>; e meu recente flerte com o dançar. Tudo somado: dois) <br />
<br />
Disse-me:<br />
<br />
<b><i>Você melhorou minha noite</i></b>.<br />
<br />
Disse-lhe:<br />
<br />
<b><i>Eu só preciso saber o seu nome.</i></b><br />
<br />
Disseram-me, no pós-relato:<br />
<br />
<i><b>A frase dela foi melhor.</b></i><br />
<br />
Concordei, de sorriso e lembrança presentes.<br />
<br />
E sei que o gosto de me apaixonar é mais indução do que realidade. É antes vontade do que motivo.<br />
<br />
É, em pensamentos garrafais, o mínimo que eu posso me oferecer.<br />
<br />
Sei o nome da rosa, mas não encontrei o seu jardim (desconfio estar disperso entre as alamedas dos meus mais caros - e breves - instantes de carinho).<br />
<br />
<span style="font-size: large;">Do lado de lá, <b>especulam sanidades</b> e relevam, de cenhos franzidos, os acentos que julgam indevidos. <span style="font-size: small;"> </span></span><br />
<br />
<span style="font-size: large;"><span style="font-size: small;">(há tempo de menos pra tanto)</span></span><br />
<br />
<br />
___________________________________________________<br />
<i><br />
</i><br />
<i>30/05/2010</i>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-39700175531284500242010-05-24T21:46:00.000-07:002010-05-25T21:32:35.390-07:00Hospital da Gente<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; color: white; text-align: center;">aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa</div><div class="separator" style="clear: both; color: white; text-align: center;">aaaaaa</div><div class="separator" style="clear: both; color: white; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Nos dias 27, 28, 29 e 30 de maio acontecerão, na Caixa Cultural (Sé), as quatro últimas apresentações (gratuitas!) da peça "Hospital da Gente", montada pelo Grupo Clariô de Teatro a partir de textos (contos) do escritor Marcelino Freire. Se não tiver saco pra ler o texto abaixo, ótimo, mas vá ver a peça. Foi uma das manifestações artísticas que mais me emocionaram nesses tempos. Vá ver.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHDsMk2zXALbUVCpnKiu7-R9D1P9yNkkw8RlhuBhg-0N0_EoLL6MTM1h50y9EJ2TAeUckC5ZCIPf73QR6yFQoGeBOqWoK2vLSEnoaYJRO0z4Dtv696Jpo1C9KS18kwhx0nIiOatTVODFQ/s1600/url.htm" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHDsMk2zXALbUVCpnKiu7-R9D1P9yNkkw8RlhuBhg-0N0_EoLL6MTM1h50y9EJ2TAeUckC5ZCIPf73QR6yFQoGeBOqWoK2vLSEnoaYJRO0z4Dtv696Jpo1C9KS18kwhx0nIiOatTVODFQ/s320/url.htm" /></a></div><br />
<br />
<div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">(Fotografada assim, sua tristeza se assemelha a um pedaço de arte)</span></div><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">Sua vontade transcende a busca pela paz. Sua vontade é assassinar não a paz, mas sim as roupas que fazem da paz essa madame enfeitada que desfila nas ruas centrais da cidade a distribuir bolas e bonecas de plástico. Sua vontade é comer chocolate quando estiver frio, mas não há bolsa-chocolate. Quem sou eu pra falar de suas vontades/verdades, se nem sonhos sei fazer? O mundo é menor do que o frio. O mundo é muito longe para a fome. O mundo, inteiro que é, não merece tanta atenção. Dona Preta é imune às queimaduras, venham de onde vierem: Dona Preta não se permite morrer cinza. Eu precisaria de mais umas duas horas para entrar de verdade naquele universo, e parece mesmo que meu relógio se adiantou o suficiente pra que as tais duas horas chegassem num minuto. Tive medo da polícia. Tive medo de que alguma das atrizes desafinasse nalguma das belas músicas, cantadas sempre <i>à cappela</i>. A polícia não subiu o morro (não desceu ao teatro) e as moças, altivas, zombaram de minha desconfiada percepção musical: passearam entre as notas como se as notas fossem seu quintal. Quase-choro. Medo do fogo: favela evaporada. Medo da chuva: morro escoado. Pensamentos que não conseguiam nem fugir pra visitar os amores breves de platéia. Vez ou outra conseguiam, já que a simples menção já os denuncia, mas eles desimportam nesse instante. Uma imensa falta de vazio. Tudo envolto pelo desânimo dos discursos de que dias melhores virão. (lá) A história é contada pela boca, contrariando qualquer tentativa de papel. A assistente social aconselha métodos contracepcionais, e doa um sorriso às crianças que esbanjam a curiosidade de quem ainda não se acostumou a receber visitas. Falo do que eu pouco conheço. Fotografo a favela com teclas de um computador: <i>será arte?</i> Será culpa? Será motivo pra um começo de madrugada existir?<br />
<div style="background-color: #f3f3f3;"><br />
</div><div style="background-color: #f3f3f3;">Agora vejo/ouço, ainda claramente (?), cada fragmento de texto, cada expressão, cada cantinho de cenário, e cada música que cantamos antes de reverter nossa atenção ao mundo sugerido pelas palavras (vividas/encenadas/cantadas) de Marcelino Freire. A favela me é aquilo: é compaixão limitada pelo constrangimento; é indignação anestesiada pela fama; </div></div><br />
é a <span style="background-color: lime; color: black;">identidade</span><span style="color: black;"> </span><span style="background-color: yellow; color: black;">nacional</span><br />
que não se perde por não haver segunda via.<br />
<br />
Lá as recordações não figuram em célebres albúns de fotografias:<br />
<br />
(<span style="font-size: large;">suas lembranças são pedaços de pano estampados de <span style="background-color: red; color: black;">sangue</span>)</span><br />
<br />
<br />
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><i>"Cadeiras elétricas da baiana<br />
Sentença que o turista cheire<br />
E os sem amor os sem teto<br />
Os sem paixão sem alqueire<br />
No peito dos sem peito uma seta<br />
E a cigana analfabeta<br />
Lendo a mão de Paulo Freire</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><i>A contenteza do triste<br />
Tristezura do contente<br />
Vozes de faca cortando<br />
Como o riso da serpente<br />
São sons de sins, não contudo<br />
Pé quebrado verso mudo<br />
Grito no <span style="font-size: x-large;"><b>hospital da gente</b></span>"</i></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><i> (Chico Cesar) </i></div><br />
<object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/_PiaT_y45ok&hl=pt_BR&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/_PiaT_y45ok&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-73758995720739273332010-05-16T09:47:00.000-07:002010-05-17T15:58:38.589-07:00Nós, a noite, e o tal do eu sozinho<div style="text-align: justify;"><div style="text-align: right;"><i>escrevo ao som </i><br />
<i>(despropositado mas momentaneamente/sempre fascinante) </i></div><div style="text-align: right;"><i>de "A day in the life"</i></div><br />
<br />
<br />
Pessoas. </div><div style="text-align: justify;">Mais pessoas.</div><div style="text-align: justify;">O dobro de pessoas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
Rostos totalmente desconhecidos, rostos totalmente queridos, e rostos totalmente gastos: os que conhecemos "de vista". Insetos gigantes, palco do eu sozinho (a simples referência já me valeu a pena), espaços disputadíssimos, e a ligeira impressão de que há algo de errado com a cidade. De encontro, outra ligeira impressão: a de que há algo de muito certo com a cidade. </div><div style="text-align: justify;"><br />
As contradições!</div><div style="text-align: justify;"><br />
Tudo resumido numa tirolesa que, ao invés de descer, subia. Tudo resumido na deliciosa bagunça rítmica dos hermetismos pascoais. Tudo resumido em minha dupla identidade universitária: amigos da faculdade de História me tornavam caçula; amigos da faculdade de música me tornavam velho; amigos outros me tornavam outro. Tudo resumido nas palmas que a platéia dedicava aos músicos em cada intervalo entre um movimento e outro do <i>Carmina Burana</i> (pra muitos isso significa um atentado às convenções dogmatico-musicais): o público domado de um concerto tradicional deu espaço ao público "popular", que aplaude ou vaia quando lhe apraz aplaudir ou vaiar; que não suporta as entradas e saídas do maestro ao final da apresentação. Contagiado pela multidão que alertara a si mesma que a música é a música - dentro ou fora de uma luxuosa sala de concerto -, o maestro regeu um bis, e o "Ó Fortuunaaaaaaa" pôde ser outra vez entoado por um trio de amigos que gozavam o fato de serem três dos poucos que conheciam a letra da obra.</div><div style="text-align: justify;"><br />
As contradições!</div><div style="text-align: justify;"><br />
Eu pensava: "oh, que lindo mundo de pessoas andando por esse centro iluminado e receptivo!"</div><div style="text-align: justify;">E logo repensava: "ah, que sujo mundo de pessoas pisando nesse centro maltratado e hostil!"</div><div style="text-align: justify;"><br />
Indivíduos avulsos compunham a cena. Figuravam imersos em sua solidão certamente mais contemplativa, mais cheia de amores breves, mais de olhar atravessado ao me ouvir passar cantando (quase naturalmente). Grupos e mais grupos de amigos aumentavam e diminuiam, protagonizando a tônica da noite: braços levantados (às vezes pulantes), celular no ouvido, e as variações do "me viu?" (onde vc tá? me achou?, tá me vendo?, tô pulando, tá vendo? à direita do palco... perto da árvore. ok, na catraca do metrô.)</div><div style="text-align: justify;"><br />
Essa nossa imensa vontade de encontrar alguém.</div><div style="text-align: justify;">(Você esteve por lá? Não te vi. Se procurei?)</div><div style="text-align: justify;">E essa chance de surpresa que vem sempre com um gostinho de bem-vinda.<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<br />
________________________________________<br />
<br />
Texto motivado pela "Virada cultural".</div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-29290781008277201452010-05-07T20:27:00.000-07:002010-05-07T20:41:01.469-07:00Eu, arei-a-mar<div style="text-align: justify;"><em>Eu, a insconstância e a indefinição da areia, a imensidão tão perdida do mar, o amor no meio de tudo, feito laço, feito sede de suficiência. Eu, arei-a-mar. Eu encenando minha dupla vida, cheia de campinas e de são paulo, cheia de despedidas, cheia de telefonemas protocolares, cheia de palavras e de sons. Mais que tudo isso, cheia de vontade de sair e cheia de vontade de voltar. É sair com os amigos e ligar pros pais irem buscar no fim da noite. É fingir independência só pra pedir colo no final. Os lugares que são e não são meus. Eu, areia, amor, mar.</em></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>Segue abaixo o video com o primeiro arranjo (esboço de) da música. Peço, sempre, que acompanhem a letra. Como poderão ver, uma amiga minha fez a imensa gentileza de cantar comigo, melhorando bastante a idéia inicial e dando sentido aos dois "eus" que constituem a letra. Valeu, Lea!</em> </div><br />
<object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/jmiykcMbVnE&hl=pt_BR&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/jmiykcMbVnE&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object><br />
<span style="font-size: large;">Eu, <span style="color: #bf9000;">a</span><span style="color: #bf9000;">r</span><span style="color: #bf9000;">ei</span><span style="color: black;">-a-</span><span style="color: #0b5394;">mar</span></span><br />
<br />
<br />
<span style="color: #a64d79;">Lá vai meu filho</span><br />
<span style="color: #a64d79;">buscar seu lugar</span> <span style="color: #0b5394;">(tchau, mãe)</span><br />
<span style="color: #a64d79;">saiu, levou</span><br />
<span style="color: #a64d79;">palavras pro caderno, música pro violão</span><br />
<br />
<span style="color: #a64d79;">De noite o filho</span><br />
<span style="color: #a64d79;">vai telefonar</span> <span style="color: #0b5394;">(oi, mãe)</span><br />
<span style="color: #a64d79;">tá frio? comeu?</span><br />
<span style="color: #a64d79;">pergunto se há saudade, não diz que sim nem não</span><br />
<br />
<br />
<span style="color: #0b5394;">Cadê meu trilho?</span><br />
<span style="color: #0b5394;">cadê meu pai? </span><br />
<span style="color: #0b5394;">oh, mãe</span> <span style="color: #a64d79;">(saiu, sou eu)</span><br />
<span style="color: #0b5394;">não viu minhas palavras, nunca ouviu meu violão</span><br />
<br />
<span style="color: #0b5394;">Tanto caminho</span><br />
<span style="color: #0b5394;">nenhum lugar é meu</span><br />
<span style="color: #0b5394;">cheguei</span> <span style="color: #a64d79;">(chegou),</span> <span style="color: #0b5394;">já fui</span> <span style="color: #a64d79;">(já foi)</span><br />
<span style="color: #0b5394;">eu fico, eu vou embora, sem por os pés no chão</span><br />
<br />
<br />
<span style="color: #0b5394;">Eu na rua</span><br />
<span style="color: #0b5394;">vem me buscar</span><br />
<span style="color: #a64d79;">Eu, arei-a-mar</span><br />
<br />
<span style="color: #a64d79;">Eu na rua</span><br />
<span style="color: #a64d79;">vem me buscar</span><br />
<span style="color: #0b5394;">Eu, arei-a-mar</span><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKXZy9lTCHLg8094ZvnyXCcVAy38THVA-CXgbme6iChPRjHKVcchoGb_K6M8rWDpeXwNdc8UB-4jJv_a9rx2zjWdI8p2wXsJkwGKayreP2elocVjGvZXwldJkUMQOHuDI6fbSfler4hGY/s1600/DSC00043.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKXZy9lTCHLg8094ZvnyXCcVAy38THVA-CXgbme6iChPRjHKVcchoGb_K6M8rWDpeXwNdc8UB-4jJv_a9rx2zjWdI8p2wXsJkwGKayreP2elocVjGvZXwldJkUMQOHuDI6fbSfler4hGY/s400/DSC00043.JPG" tt="true" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2QobDivCkb3RN_35DdM-JZ0bcgI3IVR2IMaIpwof9bscy2mYn_21LmSPcz3NZdsYJ7GOfB2iaYqnVQukNXEZFLpYhdojjQ-6KCJMN-vAVv0vaiMaQEHGmpHxsDNwPaXaPhdj4CQF88bo/s1600/DSC00044.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2QobDivCkb3RN_35DdM-JZ0bcgI3IVR2IMaIpwof9bscy2mYn_21LmSPcz3NZdsYJ7GOfB2iaYqnVQukNXEZFLpYhdojjQ-6KCJMN-vAVv0vaiMaQEHGmpHxsDNwPaXaPhdj4CQF88bo/s400/DSC00044.JPG" tt="true" width="300" /></a></div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-37146831318309814402010-05-06T18:45:00.000-07:002010-05-06T18:48:22.985-07:00Amoras<span style="color: blue;"><span style="color: white;">ass </span></span><br />
<br />
<div style="color: #990000;"><span style="font-size: x-small;">(Nota prévia: texto de um grande amigo que, sem muito acesso ao mundo virtual, me honrou ao pedir esse espaço como meio de publicação de suas palavras.) </span></div><br />
<br />
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">"a luz da tarde filtrada pelas nuvens coloria de dourado a cintura à mostra daquele corpo feminino <br />
<br />
a blusinha de listras brancas em faixas vinho, de golinha simples e clara, esticava enquanto minha namorada apanhava amoras<br />
<br />
nossas camisetas serviam de cestos para as frutinhas que caíam ao som de conversas que continuam a se repetir embaixo daquelas árvores enfileiradas<br />
<br />
ela sugerira fazer uma geleia de amoras, por isso as colhíamos, indo de pé em pé, ao longo da calçada da faculdade, os carros passando anônimos ao lado<br />
<br />
um pouco antes, pedira para ela soprar um dente de leão, para que eu fotografasse quadro a quadro a desfragmentação da plantinha<br />
<br />
segurou o caule e fechou os lábios em posição de beijo; soprou de olhos fechados e uma abundante nuvem de partículas claras veio em minha direção<br />
<br />
não sei se foi a luz, ou o perfume doce que exalava da nunca escondida por feixes de cabelos escuros, ou mesmo a tarde que se demorava como um suspiro, mas algo ali enganou minha malícia e o eterno pareceu possível "</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
João Manoel Romão, maio de 2010</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-26038914323280829252010-04-25T16:22:00.000-07:002010-04-25T19:37:28.142-07:00E se?<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfoNaIDDKHxIPkWyPGN8q0TLVK_4Rbv_AeTQA6nngSEaC3dQ5rzHUslepmyfZTddwqIuRaKSOUde8bG7ls289gehqn6G8F5BsQ213DqPutbpp0mHJ1jyJy92QOcQqVAH_JjSqGBnnuF2o/s1600/908961.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="141" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfoNaIDDKHxIPkWyPGN8q0TLVK_4Rbv_AeTQA6nngSEaC3dQ5rzHUslepmyfZTddwqIuRaKSOUde8bG7ls289gehqn6G8F5BsQ213DqPutbpp0mHJ1jyJy92QOcQqVAH_JjSqGBnnuF2o/s400/908961.jpg" tt="true" width="400" /></a></div>E se os erros fossem o pretexto pra uma nova chance<span style="font-size: large;">?</span> E se os domingos não oferecessem sensações tão polares (tristeza e alegria, ânimo e desânimo, "foi boa a semana" e "e agora"<span style="font-size: large;">?</span> E se a vida não dependesse tanto de tantas coisas<span style="font-size: large;">?</span> e se eu soubesse inglês<span style="font-size: large;">?</span> e se eu não me apaixonasse mais<span style="font-size: large;">?</span> e se eu não gostasse de futebol<span style="font-size: large;">?</span> e se não repetissem uns aos outros: "a vida segue", "bola pra frente"<span style="font-size: large;">?</span> e se houvesse respeito ao modo como cada um encara seu passado<span style="font-size: large;">?</span> e se eu deletasse meu passado<span style="font-size: large;">?</span> e se não existisse mais a interrogação<span style="font-size: large;">?</span> e se o "se" não fosse tão socialmente condenado<span style="font-size: large;">?</span> e se eu compusesse a canção dos seus sonhos<span style="font-size: large;">?</span> e se uma canção lhe trouxesse<span style="font-size: large;">?</span> e se eu perdesse a audição<span style="font-size: large;">?</span> e se a pena se ausentasse<span style="font-size: large;">?</span> e se eu mudasse pra bem longe<span style="font-size: large;">?</span> e se ela me chamasse<span style="font-size: large;">?</span> e se tudo é um filme<span style="font-size: large;">?</span> e se eu nunca fui seu grande amor<span style="font-size: large;">?</span> e se toda história não fosse remorso<span style="font-size: large;">?</span> e se nada fosse urgente<span style="font-size: large;">?</span> e se eu não estivesse comendo um chocolate a cada frase<span style="font-size: large;">?</span> e se acabar o chocolate<span style="font-size: large;">?</span> e se esquentar<span style="font-size: large;">?</span> e se o verão chegar bem mais tarde<span style="font-size: large;">? </span>e se eu não tivesse um bom motivo pra largar meu curso<span style="font-size: large;">?</span> e se tudo fosse no mesmo dia<span style="font-size: large;">?</span> e se eu fosse mais atencioso com minha mãe<span style="font-size: large;">?</span> e se eu voltasse a querer ser pai<span style="font-size: large;">?</span> e se eu ficasse parado<span style="font-size: large;">?</span> e se eu não visse ela em todas<span style="font-size: large;">?</span> e se eu não estremecesse ao ver o "____ acabou de entrar" na janelinha do msn<span style="font-size: large;">?</span> e se eu soubesse o que falar<span style="font-size: large;">?</span> "e se eu fosse o primeiro a voltar<span style="font-size: large;">?</span>" e se não fosse tão perto<span style="font-size: large;">?</span> e se o mundo assumisse seus bilhões de rostos<span style="font-size: large;">?</span> E se o Faustão desistisse dessa dança dos famosos<span style="font-size: large;">? </span>E se meu telefone tivesse bateria naquele justo momento<span style="font-size: large;">?</span> E se eu tivesse créditos no outro justo momento<span style="font-size: large;">?</span> E se ela me ligasse nalguma das vezes em que andei com o celular na mão, desconfiando da honestidade do silêncio<span style="font-size: large;">?</span> E se amanhã não fosse segunda-feira<span style="font-size: large;">?</span> E se eu ainda preferisse o samba<span style="font-size: large;">?</span> E se eu já soubesse sambar<span style="font-size: large;">?</span> E se hoje eu não tivesse visto/lido muito Liniers<span style="font-size: large;">?</span> E se não tivesse ouvido "Qualquer Coisa" amiúde<span style="font-size: large;">?</span> E se eu voltasse a escrever cartas<span style="font-size: large;">?</span> E se eu acabasse<span style="font-size: large;">?</span> E si<span style="font-size: large;">?</span> <br />
E se<span style="font-size: x-large;">? </span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEid7P1j8lkk7JlgJ1n-HW-FDEzK-lvx74FKZ7KOFBVk3h-B7HcleOvi2KJTHEMqyBLvFTQ647-IPtOJG_23vPGlpzveSLRgMGw_p4N-nUzE-hxwFURBdBQuX6MhFDsUm00eKSf7fD3f-0U/s1600/1212132351_wall2_800x600.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEid7P1j8lkk7JlgJ1n-HW-FDEzK-lvx74FKZ7KOFBVk3h-B7HcleOvi2KJTHEMqyBLvFTQ647-IPtOJG_23vPGlpzveSLRgMGw_p4N-nUzE-hxwFURBdBQuX6MhFDsUm00eKSf7fD3f-0U/s320/1212132351_wall2_800x600.jpg" tt="true" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Surpreendo-me pensando e imaginando um pôr-do-sol.</div></div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-4305269631582041412010-04-20T18:07:00.000-07:002010-04-21T07:41:25.305-07:00Outono (em meus olhos)<div style="text-align: right;"><i><span style="color: #4c1130;">Escurece, e não me seduz</span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="color: #4c1130;">tatear sequer uma lâmpada.</span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="color: #4c1130;">Pois que aprouve ao dia findar,</span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="color: #4c1130;">aceito a noite</span></i></div><div style="text-align: right;"><span style="color: #4c1130;">(Drummond)</span></div><br />
<br />
<br />
<br />
Faz tempo que não anoiteço. Durmo com a luz do sol impressa em minha mente. Perco a hora mais facilmente do que é comum acontecer. Respiro querendo notar minha respiração. <br />
<br />
Minha identidade é meu violão. Feito mochila. Feito motivo pra parar em qualquer lugar e despistar a solidão.<br />
<br />
Adoro o Outono.<br />
<br />
O Outono é a liberdade disfarçada de estação.<br />
<br />
É a democracia vestuária; é o sol insuficiente; é jogar nos dois times; é o casamento da blusa de frio com a bolsa.<br />
<br />
É a chance de eu me oferecer pra, num abraço, <span style="font-size: large;">insinuar-lhe </span><br />
<span style="font-size: large;">calor</span>. É o estritamente necessário pra que eu tente falar o que sinto. É a oportunidade pra eu me vestir de mim.<br />
<br />
O outono talvez seja tudo e nada do que vivo: o amor inteiro <i>versus </i>o amor nenhum. <br />
<br />
<strike><span style="color: black; font-size: large;">Ela não deveria dormir.</span></strike><br />
<strike><span style="color: black; font-size: large;">Seus olhos são tão lindos...</span></strike><br />
<strike><span style="color: black; font-size: large;">que fechá-los soa como desperdício.</span></strike><br />
<strike><span style="color: black; font-size: large;">Soa como afronta aos demais olhares,</span></strike><br />
<strike><span style="color: black; font-size: large;">dispertos,</span></strike><br />
<strike><span style="color: black; font-size: large;">dispersos de si mesmos.</span></strike><br />
<strike><span style="color: black; font-size: large;">Reféns.</span></strike><br />
<span style="color: black; font-size: large;">Ela não deveria dormir.</span> <br />
<br />
não numa noite como essa.<br />
<br />
(Nesse momento passa um trecho de "Carmina Burana" em minha cabeça: o trecho - instrumental - mais singelo de todos<br />
<br />
e eu, ouvinte resignado por não poder controlar meu inconsciente, me divirto)<br />
<br />
Talvez eu é que não devesse dormir tanto.<br />
Se minhas noites são dias, resta-me avizinhar o sol de estrelas, <br />
e fingir que a claridade de meu outono não passa de um bom sinal.<br />
<br />
Bons momentos, eu sei, se aproximam de meus sonhos (olhos), que são tão imensos quanto musicais.<br />
<br />
Quando aquela moça aceitou me ouvir cantar, mal sabia ela que ali estavam minhas<br />
<span style="color: red;"> <span style="font-size: large;">mais sinceras</span> (e vermelhas) </span><br />
<span style="color: red;"><span style="font-size: large;">notas musicais.</span> </span><br />
<br />
<span style="color: red;"><span style="color: black;">Cantava, de harmonia e letra decoradas: "quando eu soltar a minha voz por favor entenda / é apenas o meu jeito de dizer o que é amar"</span></span><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: right;"><i><span style="color: #20124d;">O For-tu-na</span></i></div><div style="text-align: right;"><span style="color: #20124d; font-size: x-small;">mi fá ré ré</span></div><div style="text-align: right;"><i><span style="color: #20124d;">ve-lut lu-na</span></i></div><div style="text-align: right;"><span style="color: #20124d; font-size: x-small;">mi fá ré ré</span></div><div style="text-align: right;"><i><span style="color: #20124d;">sta-tu va-ri-a-bi-lis</span></i></div><div style="text-align: right;"><span style="color: #20124d; font-size: x-small;">lá sol lá sol sol fá mi</span></div><div style="text-align: right;"><span style="color: #20124d;"><br />
</span></div><div style="text-align: right;"><span style="color: #20124d; font-size: x-small;">(Carl Orff)</span></div><div style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: right;">_________________________________________________________</div><div style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><br />
</div><div style="text-align: left;">Fecho o caderno, desligo meu modo aleatório, e sou novamente um internauta que precisa editar o texto antes de publicar (itálicos, cores, tamanhos). Penso: acho que ninguém vai entender nada. Segunda resignação do dia, e um último sorriso de "tudo bem, vai".</div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-18648665046605628322010-04-02T19:56:00.000-07:002010-04-02T21:42:43.076-07:00Insolação abraçar<br />
Eu só queria poder te abraçar abraçar<br />
abraçar <span style="font-size: large;"> </span> abraçar<br />
abraçar abraçar<br />
<br />
antes da <span style="font-size: x-large;"><span style="color: #f1c232;">ins</span><span style="color: #e69138;">ola</span><span style="color: #cc0000;">ção</span></span><br />
<span style="color: #cc0000; font-size: x-large;"> <span style="color: black; font-size: small;">porque o<span style="font-size: large;"> <span style="color: blue;">amor imenso</span></span><span style="color: blue;"> é o mar</span>, e o mar...</span></span><br />
<span style="color: #cc0000; font-size: x-large;"><span style="color: black; font-size: small;"> </span></span><br />
<span style="color: #cc0000; font-size: x-large;"><span style="color: black; font-size: small;"> o mar <span style="background-color: #cfe2f3;">não acaba nunca.</span></span></span><br />
<span style="background-color: #cfe2f3; color: #cfe2f3;">________________________________________________________________</span><br />
<span style="background-color: #cfe2f3; color: #cfe2f3;">________________________________________________________________</span><br />
<div style="text-align: justify;">Como às vezes me acontece, saio de um filme num estado de inexplicável emoção. Deixo a sessão e ela segue em minha mente, em minhas palavras, em meus trejeitos. <em>Insolação </em>invadiu o meu passado e repaginou minhas memórias. Encarou o meu presente e o fez ainda mais exacerbado, indeferido e autônomo. Especulou o meu futuro e ratificou sua anulação. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sou o velho decadente que ora passa por louco, ora por sábio, e ora por velho e só. Sou os diálogos desencontrados, forçosamente artísticos mas tão reais em meu imaginário. Sou aquilo que não falei, mas pensei em falar. Tudo o que descartei é um pedaço de mim. Tudo o que não fiz é um pouco do que fui. Trago comigo o pedantismo pseudo-intelectual, e por vezes o transformo em vontade de solidão. Associo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Gosto do Leonardo Medeiros, seria servo do Paulo José e, além de ter me encantado pela Simone Spoladore, sou explicitamente apaixonado pela Leandra Leal (sua voz, seu rosto de menina, seu corpo alvo e nada casto). Tais são os atores que figuram escondidos entre meus pensamentos. Na tarde de hoje, revejo-os em cada texto: leem pra mim. Trechos, desvios, fugas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Rua augusta. Ando em busca de um caderno. Procuro um caderno vistoso, consistente, sem pautas: algo que me faça ter mais vontade de escrever. Uma trégua às palavras interesseiras. Há sempre o que se anotar. "É triste saber que nossa conversa será sobre a tristeza". "Você só está comigo por causa dos meus seios, parece". Não, não é isso. "Porque era ela, porque era eu". Isso talvez. Porque o mundo é tão grande quando estamos juntos. Isso sim.<br />
<br />
Por que, a cada vez que a primeira nota da música tema do filme começava, eu achava que iria tocar <em>Insensatez</em>?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por que <span style="font-size: large;">insolação</span> é tão<span style="font-size: large;"> insensatez?</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Porque insensatez é música, e insolação é sonoro demais. Porque eu gosto de aproveitar as induções sensoriais de uma expressão artística. <em>Insolação </em>permite a construção de tramas paralelas durante sua exibição. É generoso. Não pede total atenção: sugere digressões, relações, analogias, nostalgias. É sobre o amor e sobre a perda, mas nem parece ser nada. Não faz sentido por si só. É repleto de significantes, mas não os vincula claramente a nenhum significado. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Preencheu-me de anseios criativos. Reatou meus laços com minha sensibilidade,</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> e me fez recordar que meu despertador não veste saia nem dá beijo de bom dia.<br />
<br />
<br />
Preciso de uma quantia insensata de <span style="font-size: x-large;">sol.</span></div><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl6f-xWDX-rLCRZTlPoKwCsv5CZBtbAwwtHfkesJSpregs-iIgrs1sowPSzuiGNX1NxV6kuE5hgGQL3mL_fEolJNOtpEjzJuZna9IWYeSmAyFAmMvcJWg2CBa9zt7_6Cq5eV5uQCQo55U/s1600/0,,21818912-EX,00.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" nt="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl6f-xWDX-rLCRZTlPoKwCsv5CZBtbAwwtHfkesJSpregs-iIgrs1sowPSzuiGNX1NxV6kuE5hgGQL3mL_fEolJNOtpEjzJuZna9IWYeSmAyFAmMvcJWg2CBa9zt7_6Cq5eV5uQCQo55U/s320/0,,21818912-EX,00.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">tal como preciso de um abraço teu.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="background-color: #cfe2f3; color: #cfe2f3;">_________________________________________________________________</span></div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-71757307435098255132010-03-30T17:57:00.000-07:002010-03-30T18:06:34.677-07:00O velho e o Moço<div align="right"><em><span style="color: #38761d;">"e se eu fosse o primeiro a voltar</span></em></div><div align="right"><em><span style="color: #38761d;">pra mudar o que eu fiz</span></em></div><div align="right"><em><span style="color: #38761d;">quem então agora </span></em></div><div align="right"><em><span style="color: #38761d;">eu seria?"</span></em></div><div align="right"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;">Há três meses eu ainda era o mais novo de "minha turma" da faculdade. Indo mais longe: há cinco anos eu era um garoto de dezessete anos, no mínimo assustado com o mundo universitário. Era mais um, menos eu, todo fora de lugar. Tinha medo de fazer perguntas, tinha preguiça de ler os textos acadêmicos, e tinha a impressão de que o começo era o final. Minha temática predileta era o abandono do curso. Falavam dos "ismos", dos poetas românticos, dos grandes revolucionários, e eu mal sabia (mal sei) o que era História.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Hoje sou calouro calejado. Sou um dos mais velhos "da classe". Vejo adolescentes assustados, vejo outros talentosos, e vejo outros com a impressão de que estão num besteirol americano (acham que vão aprender a beber, que paticiparão de orgias sexuais e que representam a elite intelectual do país). Sou mais um, mais eu, aprumando meu lugar. Tenho medo de não ter textos pra ler, tenho preguiça de fazer perguntas, e tenho a impressão de que o começo é o começo, o meio e o fim ao mesmo tempo. Falam de jazz, de música clássica, dos grandes compositores e dos grandes instrumentistas, e eu bem sei que falam porque gostam de falar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A segunda graduação é algo muito mais sutil, mais digerível, mais "foda-se o diploma". É onde se entra com a (quem sabe falsa) convicção de que se sabe o quer. É onde se julga conhecer os atalhos. É mais ou menos o que eu quero: é a consagração do meio-termo, do aqui e ali, do "sei onde estou me metendo", do "deixa comigo", do "confie em mim", do "não importa se é ou não esse o meu futuro". <br />
<br />
Meio velho e meio moço, meio historiador e meio músico, sou esse exemplo de "mediocridade" invevitável/desejada. Sou a ausência talvez voluntária de especialização. Sou a abordagem distante, que sai de mim e me vê sentado na sala de aula, com anos passados e anos indefinidos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sou o meio do caminho.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O que olha e é olhado com receio. O que aponta e é o alvo. O que não atinge e o que é aparentemente inatingível. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Próximo, distante, descuidado, desolado, <span style="font-size: large;"><strong>dissonante</strong></span>. De outro tempo. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Dei a mim mesmo uma segunda chance. Ou entrei numa segunda fase. Volto e continuo: revivo o que ainda me é novidade pra não deixar que o amanhã seja fiel às minhas previsões. </div><br />
Re-volto.<br />
<br />
<br />
<div align="right"><em><span style="color: #38761d;">"e se eu for o primeiro a prever</span></em></div><div align="right"><em><span style="color: #38761d;">e poder desistir do que</span></em></div><div align="right"><span style="color: #38761d;"><em> for </em><em>dar errado?"</em></span></div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-12178475383020409332010-03-27T20:26:00.000-07:002010-04-25T18:46:38.007-07:00Sábado<div style="text-align: justify;">A vontade. O começo do que era <strong>ausente</strong>. O começo inconcebido, adiantado. E a tentativa de construir uma normalidade. É tão difícil forjar o <strong>exótico</strong>. Tão irreal ser irreal. Quando o incomum é um objeto de desejo, o comum prevalece. Nada é tão natural quanto não notar a presença do <strong>artificial</strong>. O abraço pode ser bem mais gostoso que o sexo. O silêncio é quase sempre mais bonito que o <strong>alarde</strong>. O alado, a libido, o dilema, o ditado, o delito, o <strong>detido: </strong>deitado, doente, dopado, danado. Domado. Ninguém faz exatamente o que quer. A exatidão deveria ter sua extinção formalizada. Um amigo lê duas páginas do dicionário diariamente, e me enche de <strong>esperanças</strong> literárias. Uma amiga não desperdiça mais do que cinco minutos com a <strong>normalidade</strong>. E eu teimo em surpreender minha própria <strong>obviedade</strong>. Brinco de exato. Ouço os gritos de sábado a noite. De um sábado a noite bastante <strong>contraditório</strong>. Solitário porque voluntariamente caseiro. "Vir pra São Paulo e ficar em casa?" Sim, São Paulo é minha casa, afinal. Dentro ou fora dela. Desde às oito da noite eu planejo ir à <strong>Paulista</strong> pra andar, andar, fones no ouvido, pessoas com trajes previsíveis, <strong>final</strong> de semana, esperança de alguma coincidência, de algum constrangimento, medo de que a pilha acabe, <strong>vontade</strong> de cantar mais alto, de impor uma trilha sonora ao mundo, o mundo<strong> silencioso</strong>, mesmo, de novo, batido. É meia-noite, e em quatro horas não saí do <strong>lugar</strong>, mas rodei por todos os lugares em que eu, previsível também, poderia estar. Encontrei com todas as pessoas que notariam minha presença, e falei bastante ao telefone. Já fiz <strong>músicas</strong> de amor, já escrevi cartas de amor, e enviei meu amor pelo <strong>correio</strong>, pelo rádio. Cartas de amor não podem ser extraviadas. Em dois minutos terei mais créditos em meu celular, e poderei mandar as <strong>mensagens </strong>atrasadas em minha mente. Ela dorme com ele. Outra ela dorme sem mim. Outra ela dorme <strong>sozinha</strong>. Outras tantas sequer têm sono. Eu não durmo <strong>antes</strong> de saber o que quero sonhar. "Portugal é o lugar ideal pra se perder alguém. Ou pra se perder de si mesmo". Dor de garganta, e uma febre <strong>dissimulada</strong> que nem ao menos aparece. Titia trouxe balas artesanais feitas com canela, gengibre e própolis: <strong>pesadelos</strong>. Talvez seja o gengibre. Talvez o mal cheiro venha do <strong>ralo</strong>. Talvez eu pare de fumar. Talvez eu volte a lutar karatê. Talvez, ma(i)s remotamente talvez, eu tenha matado meu <strong>anjo-da-guarda</strong>. Grande mas não mais dois. Enumeram: caixa d'água, pingo d'ouro, pão d'alho, e míngua meu repertório de <strong>apóstrofos</strong> bacanas. Tatu-tá-ti-vendo é nome de personagem do <strong>Guimarães</strong>, e reverbera em minha cabeça. Tripa Seca, Quase Nada, Pouca Telha, Rasga Trapo, Ranca Rabo, <strong>Dorme</strong> Sujo, Poupa Tempo, Pára Tudo. A palavra é o som da palavra. E o resto é <span style="font-size: large;"><strong>sábado</strong></span>.</div>Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5232268256791930492.post-4912233178004808852010-03-15T05:58:00.000-07:002010-03-16T09:27:38.815-07:00Notas aleatórias (introdutórias)<span style="font-size: large;"><strong>Testar</strong></span><br />
<br />
<br />
É a intenção travestida de avesso.<br />
É a testura da palavra sem o acaso do papel.<br />
É o gosto <span style="color: #38761d;">arbó</span><span style="color: #783f04;">reo </span>de minhas <span style="color: #073763;">noites</span> campineiras.<br />
É o intelectual no recreio.<br />
É a compaixão pelo anti-social: o desprezo a quem quer a eterna companhia.<br />
<br />
É ensaio de coral: teno<span style="font-size: large;">res le</span><span style="font-size: x-large;">vantam</span>/estiiiiiiicam o pescoço pra alcançar notas agudas;<br />
<span style="font-size: x-large;">baix</span><span style="font-size: large;">os aba</span>ixam<br />
<br />
É o vir... o vir por meio desta.<br />
Ser mais leve. Ser quiçá leviano.<br />
<br />
Sinto saudades: é o cabelo cortado preenchendo o chão do salão.<br />
São cachos a-menos.<br />
<br />
E a <span style="background-color: black; color: white;">sombra</span> virada de costas...<br />
que (me) faz escurecer.<br />
<br />
Mais tarde surge o sol, involuntário porque é cedo demais.<br />
<br />
<br />
E o <span style="font-size: large;"><strong>texto </strong>derrete</span>... quase <span style="font-size: large;">in<span style="color: #666666;">ex</span><span style="color: #cccccc;">iste</span><span style="color: black;">.</span></span><br />
<br />
<br />
<span style="font-size: large;">_______________________________________</span><br />
<br />
<br />
P.S.: Esse deve ser meu novo espaço de descarga virtual. Se quiserem/puderem, voltem sempre, divulguem, ocultem, desdigam. E, seja pelo motivo que cabe a cada um, divirtam-se!<br />
Os textos às vezes serão como esse aí de cima: sem forma definida, sem assunto, sem valor algum. Noutras horas até poderei derramar impressões sobre algum livro, filme, peça, música, etc. Até música pode pintar por aqui, já que minha cara-de-pau anda bem lustrada. Como veem, talvez nada seja tão diferente do "Tempo Seu", porque mesmo eu, ligeiramente mal-acomodado, não mudo tanto assim.Noubar Sarkissian Juniorhttp://www.blogger.com/profile/05666374466793639669noreply@blogger.com1