"e se eu fosse o primeiro a voltar
pra mudar o que eu fiz
quem então agora
eu seria?"
Há três meses eu ainda era o mais novo de "minha turma" da faculdade. Indo mais longe: há cinco anos eu era um garoto de dezessete anos, no mínimo assustado com o mundo universitário. Era mais um, menos eu, todo fora de lugar. Tinha medo de fazer perguntas, tinha preguiça de ler os textos acadêmicos, e tinha a impressão de que o começo era o final. Minha temática predileta era o abandono do curso. Falavam dos "ismos", dos poetas românticos, dos grandes revolucionários, e eu mal sabia (mal sei) o que era História.
Hoje sou calouro calejado. Sou um dos mais velhos "da classe". Vejo adolescentes assustados, vejo outros talentosos, e vejo outros com a impressão de que estão num besteirol americano (acham que vão aprender a beber, que paticiparão de orgias sexuais e que representam a elite intelectual do país). Sou mais um, mais eu, aprumando meu lugar. Tenho medo de não ter textos pra ler, tenho preguiça de fazer perguntas, e tenho a impressão de que o começo é o começo, o meio e o fim ao mesmo tempo. Falam de jazz, de música clássica, dos grandes compositores e dos grandes instrumentistas, e eu bem sei que falam porque gostam de falar.
A segunda graduação é algo muito mais sutil, mais digerível, mais "foda-se o diploma". É onde se entra com a (quem sabe falsa) convicção de que se sabe o quer. É onde se julga conhecer os atalhos. É mais ou menos o que eu quero: é a consagração do meio-termo, do aqui e ali, do "sei onde estou me metendo", do "deixa comigo", do "confie em mim", do "não importa se é ou não esse o meu futuro".
Meio velho e meio moço, meio historiador e meio músico, sou esse exemplo de "mediocridade" invevitável/desejada. Sou a ausência talvez voluntária de especialização. Sou a abordagem distante, que sai de mim e me vê sentado na sala de aula, com anos passados e anos indefinidos.
Meio velho e meio moço, meio historiador e meio músico, sou esse exemplo de "mediocridade" invevitável/desejada. Sou a ausência talvez voluntária de especialização. Sou a abordagem distante, que sai de mim e me vê sentado na sala de aula, com anos passados e anos indefinidos.
Sou o meio do caminho.
O que olha e é olhado com receio. O que aponta e é o alvo. O que não atinge e o que é aparentemente inatingível.
Próximo, distante, descuidado, desolado, dissonante. De outro tempo.
Dei a mim mesmo uma segunda chance. Ou entrei numa segunda fase. Volto e continuo: revivo o que ainda me é novidade pra não deixar que o amanhã seja fiel às minhas previsões.
Re-volto.
"e se eu for o primeiro a prever
e poder desistir do que
for dar errado?"