quinta-feira, 17 de junho de 2010

Vinte e três

aaaaaaaaa
aaaaaaaa
Com um toque essencial de oportunismo, escrevo. Aproveito a data, o estado de evidência, e ajusto algumas palavras publicáveis. Lembro-me que um de meus primeiros textos foi o de aniversário de dezenove anos, em 2006. Dizia sinceridades juvenis, ambicionava ser adulto, e procurava o grande amor. Era menos feliz. Mal sabia identificar as aparições efêmeras da felicidade. Passava. Hoje eu atingi os vinte e três anos à frente de uma fogueira. Os pedaços de fogo que subiam pelos ares eram estrelas cadentes às avessas. Eram amostras, verticalmente esquivas, de minha capacidade de amar. Fugiam. Eu fingia não ver, a facilitar seu empenho libertário.

I need you so much closer 

, volta e meia eu cantarolava, sob protestos e compaixões. Queria e não queria ser notado. Alguns momentos não são dignos de nota, outros são dignos de uma fogueira que faz do céu uma via estelar de duas mãos. Minha vontade era cantar a todos, num relance de egocentrismo, minha mais recente canção. Por dentro, gritava

Ouça qualquer canção
lembra da noooooossaaaaaaaa (?) 
Moça, no filme que eu fiz /
Você é taaaooooooo aaaatriz.

Por fora, sorria calado e lacrimejado. Essa música não me pertence tanto. Andrei dormia devidamente aquecido pelo calor da madeira queimada. Representava a distância e a proximidade de um amigo presente. Pensei em tudo o que pode significar mais um ano completo. Dei de ombros. Pensei em vários dos sentimentos que caberiam naquela noite. Senti os demais. Será que eu pulo essa fogueira?, embriaguei a mim mesmo. Foi dessas propostas que já nascem vetadas. Aventuras comprimidas em frases amenas. Jogos de passa-noite. Dentre os votos de felicidade hoje recebidos, um, especialmente, me encheu de vida.

Ainda bem que você nasceu,

uma amiga escreveu.

Gostei de me desconcertar com as palavras. Sou mais moço quando sou leitor ou quando sou ouvinte.

Valeu a pena ficar mais velho.

(quis escrever)

3 comentários:

Carol Kuk disse...

te adoro, Bita! beijos com saudade sempre

Michelli disse...

Finalmente consigo parar e ler seus textos como eu gosto de ler, com calma! Nubita, lembre-se que estamos sempre mudando, e isso se dá com seus textos tb. Não acho que vc escreve melhor ou pior, para mim, o importante é vc escrever, mesmo que duas linhas, mesmo que vc diga que não foram bem escritas, enquanto vc escrever estarei sempre lendo o que vc deseja nos contar, pois para mim, escrever faz parte do Noubar que eu conheço, e suas palavras sempre trazem algo que nos toca, como pessoas que procuram ser, estar ou permanecer. Acho que escrevi demais...rs
Beijos!
Mi

diri disse...

Noubar, então descobri a fórmula da juventude: ser leitor, ser ouvinte! Brilhante, meu caro. Pelo jeito você ficará cada vez mais novo!

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